De Brasília
O ritmo de derrubada da floresta amazônica deu um refresco para as autoridades ambientais. Houve uma redução significativa de 22,3% no índice de desmatamento. Em setembro deste ano, foram derrubados 587 quilômetros quadrados da Amazônia, uma área equivalente à soma dos municípios de Porto Alegre (RS) e Niterói (RJ). Em agosto, haviam sido derrubados 756 km2 - o tamanho de Campinas (SP).
Mesmo com esse recente recuo na devastação da floresta, o acumulado do desmatamento entre junho e setembro, também em queda de 22%, continua a preocupar o governo federal. O ritmo caiu do equivalente a quase três municípios do Rio de Janeiro (3,26 mil km2) para quase duas vezes o tamanho de São Paulo (2,54 mil km2). "Caiu, mas ainda é demais. Queremos desmatamento zero. Pode melhorar? Pode", afirmou ontem o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
O governo atribuiu a queda do índice de desmatamento ao foco prioritário na origem das ações predatórias, ao reforço na fiscalização dos polígonos mais devastados, ao maior rigor e regularidade nas operações de combate, com embargos, apreensão e leilões de bens, além da presença da direção nacional nas operações conjuntas de Ibama, Polícia Federal e Forças Armadas. Entre agosto e setembro, foram realizadas 37 operações e aplicadas R$ 212 milhões em multas por crimes ambientais.
Para reforçar as medidas de combate ao desmatamento na região, o ministro Carlos Minc anunciou ontem a criação de seis novos "portais" que reúnem fiscais do Ibama e policiais federais. Haverá um posto em Tocantins, na BR-163, outro em Barra do Garças (MT), na BR-158, e também uma unidade nas proximidades de Cuiabá, no entroncamento das BRs 163 e 364. Mais dois "portais" serão instalados no Nordeste do país.
O Ministério do Meio Ambiente também anunciou a realização de um "pente-fino" nos planos de manejo autorizados pelo Estados e a obrigatoriedade, a ser ratificada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), de interligação dos sistemas informatizados de concessão dessas licenças.
O ministro Carlos Minc informou, ainda, que serão lançados editais para a realização de 40 planos de manejo em unidades de conservação sob administração federal. Ele disse que a Caixa Econômica Federal deve conduzir obras de construção de infra-estrutura nas unidades com recursos do fundo de compensações por crimes ambientais. Também serão colocadas em práticas outras 40 operações de combate ao desmatamento em Rondônia, Mato Grosso e Amazonas nos próximos dias.
Na ponta dos avanços registrados pelo governo, está a implantação do Fundo Amazônia, criado com a primeira doação formal de US$ 1 bilhão feita pelo governo da Noruega. "Temos a promessa de doação de outros governos e empresas estrangeiras, além de empresas nacionais", afirmou Minc. Segundo ele, a crise financeira global não deve prejudicar a arrecadação de doações para o novo fundo. "A crise, a princípio, não teve sinais de refluxo. Há empresas nacionais e estrangeiras que devem entrar. A crise não mudou os humores dos doadores", comemorou. (MZ)
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