quinta-feira, 30 de outubro de 2008

JB - Novos plantios de cana na Amazônia serão proibidos

Por Ayr Aliski, Jornal do Brasil

BRASÍLIA - O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, descartou a possibilidade de expansão das lavouras de cana-de-açúcar na região Amazônica. O recado foi dado nesta quarta-feira, durante reunião realizada na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília. Entretanto, admitiu que serão mantidas as plantas produtivas já aprovadas. Segundo ele, o que está descartado são novos projetos de expansão do cultivo de cana no bioma Amazônia, que serão mesmo proibidos.

– A grande compensação será dada no biodiesel, com o óleo de palma – afirmou Stephanes.

Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Rui Carlos Ottoni Prado, explorar óleo de palma não compensa a impossibilidade de plantar cana.

Prado diz que os produtores mato-grossenses querem substituir áreas já destinadas ao cultivo agrícola ou ao manejo pecuário pelo plantio de cana, sem avançar sobre novas terras. Mato Grosso enfrenta uma série de restrições ambientais.

O Estado tem terras nos biomas Cerrado, Amazônia e Pantanal, sendo que nesses dois últimos há uma série de restrições para a produção agropecuária.

Meio ambiente


As dificuldades de cumprimento das exigências ambientais, entretanto, também foram citadas por Stephanes na CNA. Foi uma referência à proposta de mudanças do Decreto nº 9605/98, encaminhadas pelo Ministério do Meio Ambiente. As mudanças, segundo ele, tornariam mais rígidas as aplicações de penas relativas a crimes ambientais.

O ministro argumentou que é necessário ter cuidado para produzir e, simultaneamente, proteger o meio ambiente, mas sugeriu parcimônia na adoção de restrições à produção agropecuária. Lembrou que áreas como “topos de morros e costa de serras” são cultivadas há mais de 100 anos no Sul do país. – Não se pode simplesmente tirar essas pessoas de lá – disse.

Crédito e incentivo

Stephanes participou da instalação da Câmara Setorial da Soja, grupo que reunirá representantes dos produtores e do governo que objetiva garantir a sustentabilidade da cadeia produtiva e recursos para financiar a lavoura.

Sobre a escassez de crédito às vésperas do plantio da safra 2008/2009, Stephanes não escondeu sua decepção com as tradings.

– Confesso que não fiquei muito feliz com o que está acontecendo. As tradings nos abandonaram – disse, cobrando “mais responsabilidade”.

Para o ministro, a produção brasileira e as tradings já operavam juntas e deverão continuar assim pelos próximos anos. Por isso insistiu que elas deveriam manter os patamares usuais de concessão de apoio no financiamento do plantio.

Fertilizantes


Conforme Stephanes, dentro de, no máximo, dois meses o Ministério terá concluído um documento com propostas para tornar o Brasil auto-suficiente em fertilizantes. Os focos são potássio, derivados de fósforo e nitrogenados. A meta é garantir o suprimento do mercado interno com produção nacional dentro de no máximo cinco anos.

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