Por Ligia Fomenti, de O Estado de S. Paulo, e Reuters)
Em relação ao mesmo mês do ano passado, a queda foi de menos de 5%; Mato Grosso desmatou mais
SÃO PAULO - O desmatamento na Amazônia em setembro ficou em 587 km2 em setembro, de acordo com o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número é cerca de 23% inferior ao registrado em agosto (756 km2) e está 3% abaixo do anotado em setembro de 2007 (603 km2). A tendência de queda já havia sido a antecipada pelo ministro Carlos Minc na última semana.
"Não dá para comemorar. Quinhentos quilômetros de desmatamento num mês só é inadmissível", afirmou Minc, ao comentar os índices de setembro. Os números divulgados têm ainda de ser observados com reservas, porque nuvens impediram a análise de 33% da área pesquisada.
Na nota em que apresenta os resultados, o Inpe destaca que "os dados do Deter não representam uma avaliação fiel do desmatamento mensal da Amazônia, em função da resolução dos satélites e da cobertura de nuvens variável de um mês para outro. A informação sobre áreas é para priorização por parte das entidades responsáveis pela fiscalização".
De acordo com os números , Mato Grosso teve a maior extensão desmatada no mês de setembro, com 216 km2. Em agosto, o Estado estava em segundo lugar, com 229 km2 de floresta destruída.
O Pará, líder do mês passado com 435,3 km2, agora aparece em segundo, com 126,8 km2. O Estado, no entanto, teve 63% de seu território encoberto por nuvens, prejudicando o monitoramento por satélite. Em setembro, 33% da área da Amazônia Legal esteve encoberta por nuvens.
Maranhão (97 km2), Rondônia (91,5) e Amazonas (46) vieram em seguida. Acre e Tocantins praticamente não registraram desmatamento em setembro.
Desde o começo do ano, a Amazônia perdeu 6.268 km2 de floresta. Mato Grosso respondeu por 3.247 km2 e o Pará, por 1.679 km2, segundo o Inpe. No acumulado dos últimos 12 meses, o desmatamento da Amazônia totalizou 8.657 km2, de acordo com o Deter.
Fiscalização
Minc atribuiu a queda em relação a agosto ao maior rigor e maior regularidade nas operações realizadas nos últimos tempos. Mas admitiu ser preciso aumentar a fiscalização. Uma das propostas é aumentar de 2 para 6 o número de portais de inspeção nas rodovias. A idéia deverá ser discutida numa reunião marcada para terça-feira, com o ministro da Justiça, Tarso Genro.
No encontro, o ministro vai ainda defender o uso de armas pelos fiscais. "Eu sou partidário do desarmamento, mas para uma fiscalização eficaz nestas áreas não há possibilidade de se ir com a cara e a coragem", disse.
Integrantes da Polícia Federal queixaram-se do uso de armas por fiscais do Ibama. Minc, porém, não quis deixar mal-estar: "Foi uma coisa menor." E completou afirmando que este tipo de descontentamento ocorre em várias instituições. "Acontece na polícia, acontece até mesmo no Instituto Chico Mendes e no Ibama."
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