segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Envolverde - IDH no Pará é pior na Ilha de Marajó
Por Lúcio Flávio Pinto*
BELÉM, PA – O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um indicador social criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) há quase 20 anos. É formado pela renda per capita (por cabeça), expectativa de vida e índice de escolaridade. Permite uma mensuração mais qualitativa do que os indicadores meramente quantitativos, mas já começa a apresentar algumas deficiências. A melhoria de certas condições sociais não implica necessariamente melhoria das condições de vida, ou não na proporção que se podia esperar.
É uma grande conquista o aumento da longevidade do ser humano, mas para muitos deles significa que enfrentarão grandes dificuldades para sobreviver por mais tempo. Da mesma forma, a escolaridade crescente pode ocultar o analfabetismo funcional: as pessoas sabem ler e escrever, mas não entendem o que lêem e escrevem num patoá que está se aproximando da ininteligibilidade.
O mais recente ranking do IDH do Pará ilustra essa necessidade de rever o índice como referência da melhoria de vida da população. O índice 1 é o limite máximo do IDH. Quem chega a ele alcançou o melhor desenvolvimento social.
Os municípios paraenses estão distantes dessa meta e, em geral, abaixo da média nacional. Os mais bem posicionados são Belém (0,81), Ananindeua (0,78), Curuçá (0,78), Barcarena (0,77), Tucuruí (0,76), Novo Progresso (0,76), Almeirim (0,75), Santarém (0,75), Castanhal (0,75), Tucumã (0,75), Altamira (0,74), Xinguara 90,74) Parauapebas (0,74), Redenção (0,74), Salinópolis (0,74), Capanema (0,73) e Sapucaia (0,73).
A maioria dos piores se localiza na ilha do Marajó. São Melgaço (0,53), Cachoeira de Piriá (0,55), Chaves (0,58), São João do Araguaia (0,58), Garrafão do Norte (0,58), Santa Luzia (0,59), Anajás (0,60) e Afuá (0,61).
Linha da pobreza
Quase metade dos 7 milhões de habitantes do Pará vive na “linha de pobreza”, em famílias com renda mensal inferior a meio salário mínimo per capita, ou pouco acima de 200 reais. São exatamente 3.491.389 pessoas nessa condição, com renda insuficiente para custear necessidades mínimas, segundo o último mapa da exclusão social apresentado pelo governo do Estado. De 2004 para 2005, a legião dos pobres cresceu 1,29%, incorporando mais 44.496 pessoas. Esse é o período mais atualizado da pesquisa, que acompanhou as demonstrações financeiras do Estado relativas a 2007.
O PIB per capita do Pará equivale a menos da metade do indicador nacional. Houve uma discreta elevação, de 2%, nesse índice entre 2004 e 2005, mas não mudou a situação: enquanto a participação média de cada brasileiro na riqueza nacional somou R$ 10,7 mil reais, ao paraense coube a cota de R$ 5,3 mil. A concentração da renda no Estado é das maiores do país, chegando a 0,76 na escala GINI, que vai de 0 (a igualdade ideal) a 1 (a desigualdade máxima).
Além de não dispor de renda para sair da linha de pobreza, o paraense enfrenta condições de vida mais adversas do que o cidadão médio porque evolui mais lentamente. De 2005 para 2006 a proporção dos que têm acesso à rede geral de água passou de 47,31% para 48,30. A média brasileira, porém, é de 83,21%. Se o saneamento básico é ruim, a moradia é pior porque involui: no mesmo período o déficit habitacional subiu de 49,15% para 50,52%. Seguiu tendência inversa do comportamento do índice nacional.
* Editor do Jornal Pessoal em Belém e colaborador desta Agência.
Crédito de imagem: MDA
(Envolverde/Agência Amazônia)
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6 comentários:
Eu acho que já está na hora da população do Marajó começar a refletir e discutir sobre a possibilidade de iniciar um movimento separatista como o oeste e o sudeste do Pará.
Até parece que vai mudar alguma coisa com a separação. Enquanto os políticos não entenderem que a educação é a base para uma economia desenvolvida (que na verdade eu acho que eles sabem, apenas deixam de lado para alienar o povo brasileiro aceitando bolsas mil por ai). Apenas vamos ter mais alguns estados que continuaram com o mesmo numero de municípios portanto mesmo numero de prefeitos que continuaram não fazendo nada, e ainda trazendo um rombo nos cofres do nosso "Brasilzão".
O coronelismo.... , o coronelismo....
Assistam matéria que produzi sobre o Marajó em 2007. Intrigante.
http://youtu.be/BUdnABs8eRg
Quando os políticos paraenses e seus correligionários que concentram a riqueza, diminuírem sua voracidade e abrirem mão do mínimo dos recursos públicos que desviam. Quando o povo se apropriar do seu direito legitimo asseverado pelo pagamento religioso de seus tributos, não apenas o Marajó, mas todos os cidadão paraenses serão beneficiados pela verdadeira democracia (comida na mesa, moradia digna, educação de qualidade e perspectiva de vida.
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