Por RAYMOND COLITT - REUTERS
NOVA ESPERANÇA DO PIRIÁ, PARÁ - A polícia ambiental apreendeu o equivalente a 300 caminhões de madeira no Pará numa grande operação contra madeireiros ilegais, informou o governo na quarta-feira, na mais recente investida para combater a destruição da Floresta Amazônica.
Durante a operação surpresa em Nova Esperança do Piriá, 190 quilômetros a sudeste de Belém, a polícia fechou 13 madeireiras e serrarias e apreendeu tratores, armas e munição, disse o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, durante uma visita ao local. Os proprietários fugiram.
A operação é a mais recente de uma série de medidas do governo a fim de cumprir uma nova meta de redução da destruição da Floresta Amazônica em 50 por cento durante a próxima década.
"Estamos determinados a reduzir fortemente o desmatamento - esta operação é uma advertência às madeireiras ilegais", disse Minc à Reuters.
No ano passado, o governo brasileiro abandonou sua oposição às metas contra o desmatamento e agora está sob pressão para mostrar à comunidade internacional e aos críticos de dentro do país que pode cumprir suas promessas - em especial antes da importante cúpula ambiental de Copenhague, marcada para dezembro.
Minc pretende reduzir o desmatamento para aproximadamente 9.500 quilômetros quadrados nos 12 meses terminados em julho, o número mais baixo até agora e abaixo dos 11.900 quilômetros quadrados registrados no ano anterior.
O governo havia inicialmente afirmado que a operação havia apreendido 400 caminhões de madeiramento ilegal mas revisou o número para cerca de 300 após inspecionar a área.
A cada ano que passa, madeireiros, pecuaristas e agricultores cortam enormes porções da floresta em busca de terra barata.
"É por isso que o Brasil tem uma imagem no exterior de destruir a Floresta Amazônica e emitir carbono", disse Minc após supervisionar a destruição de usinas clandestinas.
Dezenas de moradores, muitos dos quais trabalhadores das usinas, observaram a destruição das construções pelos tratores "Sabemos que é ilegal mas temos que trabalhar", afirmou Keno Alvarenga, filho de um proprietário de usina.
Numa tentativa de evitar tumultos em Nova Esperança, onde a maioria dos 32 mil habitantes depende da indústria da madeira, o governo prometeu medidas de assistência social e atividades econômicas alternativas.
EM BUSCA DE ALTERNATIVAS
As medidas incluem auxílio aos desempregados, cestas de alimentos e terrenos para os mais pobres. Os estimados 5 milhões de reais arrecadados com a venda da madeira apreendida financiarão projetos de infraestrutura local, onde os funcionários das madeireiras agora desempregados serão contratados.
"Queremos reduzir o potencial para uma agitação levando não apenas repressão, mas também soluções econômicas alternativas", afirmou Minc. "Nenhum dos dois funciona sozinho."
No ano passado, operações policiais similares em outras regiões causaram protestos violentos, nos quais madeireiros tomaram reféns e fugiram com os caminhões apreendidos com madeira.
Desde que assumiu o ministério há 10 meses, Minc cortou o crédito a pecuaristas e fazendeiros atuando na ilegalidade e apreendeu carne e produtos da soja provenientes de áreas desmatadas. Ele também fechou acordos com atacadistas de madeira e da soja e com bancos para o boicote de produtos de origem ilegal.
Os críticos, no entanto, dizem que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva permanece profundamente dividido a respeito da conservação ambiental. Os ambientalistas temem que a construção de uma série de rodovias e usinas hidrelétricas aumente o desmatamento.
O forte lobby ruralista do país também tem resistido às medidas dispendiosas para melhorar a produtividade e recuperar a terra depauperada no lugar de cortar e queimar a floresta.
A Noruega, que no ano passado prometeu uma contribuição de 1 bilhão de dólares até 2015 para um novo Fundo Amazônia, tem feito suas contribuições anuais sob a condição de avanço na redução das taxas de desmatamento. O fundo financiará a conservação, a pesquisa científica e o desenvolvimento econômico sustentável.
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