quarta-feira, 15 de abril de 2009

Folha - Rastreamento mira soja e vê pasto ilegal na Amazônia

Por MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao rastrear áreas desmatadas na Amazônia nos últimos dois anos e nove meses, o monitoramento da moratória da soja apontou a pecuária como o principal forma de uso do solo após a derrubada. Das 620 áreas de desmatamento recente pesquisadas, 12 (menos de 1% do total) contêm plantações de soja, enquanto 203 (32%) são ocupadas por pastagens.

A soma das áreas monitoradas equivale a pouco mais da cidade de São Paulo e, na maioria delas, o monitoramento identificou áreas ainda não usadas na produção agropecuária e algumas raras plantações de arroz. Foram rastreadas áreas desmatadas desde julho de 2006 com mais de 100 hectares em Mato Grosso, Pará e Rondônia.

O pacote de medidas de combate ao desmatamento já previa punições para os frigoríficos que comprassem gado de áreas desmatadas ilegalmente, mas o monitoramento divulgado ontem indica que essas medidas não tiveram efeito. "A pecuária está atrasada em relação à soja, cuja moratória é um sucesso", comentou o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) ao divulgar os dados, ontem.

O ministro disse defender restrições ambientais no novo pacote de ajuda financeira que o governo estuda dar aos frigoríficos. Minc também diz buscar com eles um acordo semelhante ao promovido pela indústria da soja três anos atrás. As duas entidades que representam 90% da indústria se comprometeram a não comprar soja de áreas desmatadas no bioma amazônia depois de 24 de julho de 2006.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne informou que não há nada definido em relação aderir a uma moratória da carne. O presidente da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), Carlo Lovatelli, disse que não está definida ainda uma prorrogação da moratória da soja: "Vamos esperar até julho". Ele não soube informar como foi comercializada a soja detectada numa extensão de 1,4 mil hectares. "Não conseguimos cercar tudo, mas não fomos nós que compramos."

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