Por Célia Froufe, João Domingos e Tânia Monteiro
Pressionado, ministro retirou formalmente a expressão ''vigaristas'' e alegou que a palavra era ''descabida''
Deputados da bancada ruralista pediram ontem o afastamento de Carlos Minc do Ministério do Meio Ambiente. Eles criticaram as ações do ministro dentro e fora da pasta, ao longo de uma audiência pública de cinco horas na Câmara. Minc foi convocado a comparecer à Comissão de Agricultura para explicar por que chamou os produtores de "vigaristas" em uma manifestação na Esplanada dos Ministérios, em maio.
Diante da pressão, Minc admitiu que exagerou, retirou formalmente a expressão e alegou que o adjetivo não representa o que pensa dos ruralistas. Disse que se exaltou por estar em um carro de som da Confederação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Contag).
"Sou ?sincericida?, mas realmente a expressão foi descabida", avaliou o ministro, momentos antes da audiência. Nem por isso, porém, ele entregou totalmente os pontos. "Eu retiro a expressão, pois ela não expressa meu ponto de vista. Mas a crítica a latifúndios, obviamente, a mantenho."
Nem todos os parlamentares aceitaram as desculpas. Um deles foi o deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA). "Para mim, é uma vergonha ter homens irresponsáveis em cargos tão importantes", afirmou. "O presidente Lula deveria demitir vossa excelência, porque não merece o cargo. Veio aqui dizer que disse o que não pensa. Que vergonha. O senhor deveria sair daqui e pedir demissão", afirmou, aplaudido pelos presentes, a maioria representantes de produtores rurais.
O deputado Márcio Junqueira (DEM-RR) disse considerar "complicada" a permanência do ministro. "Mas, se ficar, proponho uma viagem à Amazônia, à Amazônia que o senhor não conhece", provocou, referindo-se à área de plantio na região.
O clima ficou ainda mais pesado quando o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) procurou trocar de papéis com o ministro pelo uso da expressão "vigaristas". "O senhor se sentiria confortável se eu dissesse que nós, produtores rurais aqui, defendemos a produção de arroz, milho, soja, carne, enquanto o senhor defende plantação de cocaína e maconha?", questionou. "Não se preocupe, que nós não vamos comer sua picanha, pois não gostamos de carne contaminada", alfinetou de novo.
Apesar dos bombardeios, Minc buscou mostrar bom humor. Disse, por exemplo, que tinha "uma atração fatal" por confusões. Ao final, porém, afirmou que não gostou da provocação de Caiado. "Refuto veementemente as afirmações. São falsas, injuriosas. Não as aceito."
VETO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu vetar a legalização de posses de até 1,5 mil hectares da Amazônia ocupadas por empresas. Ele ainda estuda se vetará na medida provisória que regulariza as posses na Amazônia Legal outro artigo, que permite a venda de áreas entre 400 e 1,5 mil hectares três anos após a titulação. A decisão sairá hoje.
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