quinta-feira, 25 de junho de 2009

JB - Ruralistas rejeitam desculpas de Minc

Ministro chamara produtores de "vigaristas" e mal-estar segue

Brasília

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, bem que tentou contemporizar, mas o pedido público de desculpas feito aos grandes produtores rurais e aos parlamentares da bancada ruralista não acalmou os ânimos. Em um discurso durante manifestação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, em Brasília, Minc havia se referido aos produtores como "vigaristas". O ministro reconheceu ter usado expressões impróprias, "que não representam o que ele pensa sobre a bancada ruralista".

Minc participou de uma audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara e atribuiu ao "calor do momento" pela expressão usada contra os ruralistas.

– Usei sim, mas usei a expressão não em relação a bancada agropecuária. Quero ir além do pedido de desculpas. Quero dizer que não penso aquilo e já demonstrei isso aqui. Usei expressões impróprias, exaltadas, típicas de quem está em carro de som. Esse não é meu pensamento – afirmou.

O ministro do Meio Ambiente acrescentou que não vai recuar das críticas feitas ao comportamento dos grandes produtores que, segundo ele, dão prioridade ao lucro em detrimento à proteção do meio ambiente e a um desenvolvimento sustentável.

– Tenho atração fatal por temas polêmicos, não é porque virei ministro que vou me acovardar, tenho minhas posições, acho que os grandes produtores desmatam muito mesmo, mas as expressões que usei não foram cabidas mesmo. Espero não ter que usá-las de novo –, acrescentou.

A audiência pública não serviu só para a defensiva do ministro. Minc aproveitou o debate para reclamar também dos parlamentares da bancada do agronegócio. Questionou especialmente o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), que o teria chamado de traficante.

– Tem deputados que fizeram afirmações piores a meu respeito, como o deputado Caiado. Me comparou a um traficante – afirmou.

Caiado também usou a comissão para manter a pressão contra o ministro. Usando quadros e provocando o ambientalista, defendeu a atuação da produção rural.

– Vossa excelência usou expressões indevidas. O senhor se sentiria confortável se eu dissesse que nós, produtores rurais aqui, defendemos a produção de arroz, de milho, de soja, de carne, enquanto o senhor defende plantação de cocaína e maconha? Que nós defendemos frigoríficos, mas não nos vendemos a frigoríficos? Não se preocupe que nós não vamos comer sua picanha, pois não gostamos de carne contaminada – alfinetou o deputado.

Minc também comemorou os dados de desmatamento divulgados pelo governo. No mês de maio, segundo o Inpe, foram 124 km2, 89% a menos que em 2008. Mas a leitura pode ter sido comprometida pelo recobrimento das nuvens, que foi de 62% em maio desse ano, contra 46% em 2008.

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