terça-feira, 9 de junho de 2009

JB - Minc anima ato em sua defesa no Rio

Por Felipe Sales

Ministro do Meio Ambiente ganha apoio de movimentos sociais

Cerca de 100 pessoas de diversas entidades ambientalistas, de defesa dos trabalhadores e até da comunidade de gays, lésbicas e simpatizantes participaram na manhã de ontem de uma manifestação em frente à Assemblwia Legislativa do Rio (Alerj) em defesa da legislação ambiental e do ministro Carlos Minc, ex-deputado estadual fluminense que participou do evento e o divulgou por meio da assessoria de imprensa do próprio ministério.

O ato questionou Medidas Provisórias enviadas pelo Governo Federal que, para Minc e os manifestantes, incentivam a grilagem de terras na Amazônia. O ministro aproveitou para reiterar seu bom relacionamento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ressaltou que não deixará o cargo.

O ato contou com esquetes teatrais ironizando a senadora Kátia Abreu – chamada de "Kátia Bebeu" – presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e representante da bancada ruralista no Congresso. Num panfleto assinado por mais de 50 entidades, os manifestantes cantaram músicas que diziam "cai Kátia Abreu" e "Fora Mangabeira" (Unger, ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos), ocasião em que Minc brincou dizendo que "essa eu não posso cantar".

– Não posso comentar todas as frações do Congresso porque me comprometi com o presidente Lula que isso só será feito internamente, mas não vou deixar de falar sobre quem é nocivo ao país. A soja está sob controle, mas o pecuarista é a grande ameaça do Brasil – atacou. – É bom os ruralistas baixarem a bola, baixarem as ameaças e cumprirem a lei. É piada de salão dizer que é a (senadora) Kátia (Abreu) quem vai me tirar do cargo. Em conversa com ela, falei: vossa excelência quer meu pescoço, mas se vossa excelência fosse presidente da República não teríamos Bolsa Família, mas sim Bolsa Latifúndio.

"Aliança histórica"


O ministro ressaltou que o Brasil vai registrar este ano o menor desmatamento da Amazônia dos últimos 20 anos. Segundo Minc, graças a medidas como proibição de crédito a quem faz desmatamento e o leilão de gados apreendidos em terras desmatadas. Para o ministro, a rixa com os ruralistas começou depois que o Ministério do Meio Ambiente e os ambientalistas consolidaram uma "aliança histórica" com setores da agricultura familiar – ligados principalmente a movimentos sociais e aos sem-terra.

Segundo Minc, este setor é responsável pela produção de 70% dos alimentos que chegam às mesas brasileiras. De acordo com o ministro, o próximo passo é fazer uma aliança com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) com o objetivo de combater a contaminação de trabalhadores das indústrias.

Entre os motivos da manifestação estão MPs do próprio governo federal do qual Minc faz parte. Mas o ministro mostrou-se confiante na "sensibilidade" do presidente Lula.

– Grandes empresas poderão comprar hectares da Amazônia sem precisarem ter sede lá, por meio da MP 458 aprovada quarta-feira. Mas estou confiante de que isso terá o veto do presidente Lula – contou.

Os manifestantes portaram machadinhas para protestar contra os "cortes" propostos no Código Florestal e uma Motoplanta – espécie de motoserra gigante. Entre as medidas alvo dos manifestantes estão itens da MP 452, que suspende as licenças ambientais para a criação de estradas, além de propostas de mudança do código florestal que diminui as áreas de preservação premente das matas ciliares, que compõem as margens dos rios, o que, para ambientalistas, põe em risco a comunidade pesqueira e a fauna e flora da região.

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