Por Felipe Sales
Ministro do Meio Ambiente ganha apoio de movimentos sociais
Cerca de 100 pessoas de diversas entidades ambientalistas, de defesa dos trabalhadores e até da comunidade de gays, lésbicas e simpatizantes participaram na manhã de ontem de uma manifestação em frente à Assemblwia Legislativa do Rio (Alerj) em defesa da legislação ambiental e do ministro Carlos Minc, ex-deputado estadual fluminense que participou do evento e o divulgou por meio da assessoria de imprensa do próprio ministério.
O ato questionou Medidas Provisórias enviadas pelo Governo Federal que, para Minc e os manifestantes, incentivam a grilagem de terras na Amazônia. O ministro aproveitou para reiterar seu bom relacionamento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ressaltou que não deixará o cargo.
O ato contou com esquetes teatrais ironizando a senadora Kátia Abreu – chamada de "Kátia Bebeu" – presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e representante da bancada ruralista no Congresso. Num panfleto assinado por mais de 50 entidades, os manifestantes cantaram músicas que diziam "cai Kátia Abreu" e "Fora Mangabeira" (Unger, ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos), ocasião em que Minc brincou dizendo que "essa eu não posso cantar".
– Não posso comentar todas as frações do Congresso porque me comprometi com o presidente Lula que isso só será feito internamente, mas não vou deixar de falar sobre quem é nocivo ao país. A soja está sob controle, mas o pecuarista é a grande ameaça do Brasil – atacou. – É bom os ruralistas baixarem a bola, baixarem as ameaças e cumprirem a lei. É piada de salão dizer que é a (senadora) Kátia (Abreu) quem vai me tirar do cargo. Em conversa com ela, falei: vossa excelência quer meu pescoço, mas se vossa excelência fosse presidente da República não teríamos Bolsa Família, mas sim Bolsa Latifúndio.
"Aliança histórica"
O ministro ressaltou que o Brasil vai registrar este ano o menor desmatamento da Amazônia dos últimos 20 anos. Segundo Minc, graças a medidas como proibição de crédito a quem faz desmatamento e o leilão de gados apreendidos em terras desmatadas. Para o ministro, a rixa com os ruralistas começou depois que o Ministério do Meio Ambiente e os ambientalistas consolidaram uma "aliança histórica" com setores da agricultura familiar – ligados principalmente a movimentos sociais e aos sem-terra.
Segundo Minc, este setor é responsável pela produção de 70% dos alimentos que chegam às mesas brasileiras. De acordo com o ministro, o próximo passo é fazer uma aliança com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) com o objetivo de combater a contaminação de trabalhadores das indústrias.
Entre os motivos da manifestação estão MPs do próprio governo federal do qual Minc faz parte. Mas o ministro mostrou-se confiante na "sensibilidade" do presidente Lula.
– Grandes empresas poderão comprar hectares da Amazônia sem precisarem ter sede lá, por meio da MP 458 aprovada quarta-feira. Mas estou confiante de que isso terá o veto do presidente Lula – contou.
Os manifestantes portaram machadinhas para protestar contra os "cortes" propostos no Código Florestal e uma Motoplanta – espécie de motoserra gigante. Entre as medidas alvo dos manifestantes estão itens da MP 452, que suspende as licenças ambientais para a criação de estradas, além de propostas de mudança do código florestal que diminui as áreas de preservação premente das matas ciliares, que compõem as margens dos rios, o que, para ambientalistas, põe em risco a comunidade pesqueira e a fauna e flora da região.
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