quarta-feira, 24 de junho de 2009

JB - Linha dura contra os frigoríficos

Por Natalia Pacheco

Apesar de acordo entre Marfrig e autoridades do Mato Grosso, governo corta crédito de quem desmatar

O frigorífico Marfrig assinou um acordo de compromisso com o governo do Mato Grosso de não comprar carne de fazendas que desmatam na Amazônia. Esse foi o primeiro entendimento oficial depois da divulgação do relatório Farra do Boi, do Greenpeace. Mesmo com o acordo e com o anúncio de supermercados e multinacionais, como Adidas e Timberland, que não comprariam carne proveniente de fazendas desmatadoras, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse ontem, durante o evento Pacto pela Sustenbabilidade, da rede de varejo Wal Mart, em São Paulo, que o boicote contra os frigoríficos vai crescer.

– O resultado do relatório do Greenpeace já traz resultados, mas os frigoríficos só vão entender na prática. Por isso, assino ainda esta semana um pacto definitivo com o BNDES para não dar crédito a essas empresas – anunciou Minc.

Além do aperto do boicote, Minc informou que o próximo passo é obrigar os fazendeiros a rastrear o gado. Segundo o ministro, a ideia é tornar disponíveis dados sobre as fazendas e o gado no site do Ministério da Agricultura e das secretarias estaduais de Meio Ambiente. Os ministérios estudam duas formas de rastreamento: por meio de código de barras, que custaria cerca de R$ 1,50 por boi, e por chip, que seria mais caro, em torno de R$ 4.

– A farra do boi acabou. As fazendas e os frigoríficos vão ter que entrar na linha – disse o ministro.

Contrapartida


Minc também informou que o Ministério do Meio Ambiente estuda uma linha de financiamento com os bancos públicos para fazendas e frigoríficos que quiserem se modernizar para deixar a lista de boicote.

– Agora a desculpa acabou de vez. Se o fazendeiro ou frigorífico alegar que não tem dinheiro para se enquadrar, vamos oferecer uma linha de crédito. Mas, se a fiscalização não detectar melhoras em um determinado período, as empresas vão ser multadas – ressaltou o ministro.

Carros e sacos na mira

O Ibama prepara uma portaria para a criação de um selo ambiental de carros. De acordo com Minc, as montadoras não são obrigadas a informar o volume de CO2 emitidos pelos veículos. A medida será semelhante ao selo da geladeira e do fogão, cobrados pelo Inmetro para divulgação do consumo de energia.

Além do aperto às montadoras, o Ministério do Meio Ambiente lançou ontem uma campanha contra o uso de sacos plásticos. No Brasil, são consumidos 1,5 milhão de sacolas plásticas por dia. O objetivo é reduzir o uso e aumentar a reciclagem, no mesmo estilo do reuso de latas. O próximo passo, segundo Minc, é um encontro com representantes da indústria de sacolas plásticas.

– A ideia é criar uma cadeia de reciclagem semelhante a da latinha. Para isso, é necessário criar um valor agregado ao saco plástico, cooperativas de catadores e redução de produção para dinamizar o reaproveitamento – disse Minc, ao destacar o aumento do uso de sacolas de pano em função de leis que preveem desconto nas compras de quem usa esse tipo de bolsa.

Queda do desmatamento


O ministro também informou que a redução do desmatamento no Brasil, em maio, foi recorde. Minc não quis divulgar a porcentagem da queda, mas dados oficiais vão ser divulgados hoje pelo ministério. Mesmo orgulhoso com a meta cumprida em um ano no comando do ministério, Minc disse que ainda há muito o que fazer.

– O objetivo é zerar em 2017 o desmatamento que, mesmo com uma queda recorde, ainda está muito alto no Brasil – destacou Minc.

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