quinta-feira, 2 de julho de 2009

Envolverde - Stephanes promete que em menos de seis meses Pará terá sistema de rastreamento do gado


Por Redação do Greenpeace

São Paulo — Afirmação foi feita em debate que reuniu, em Brasília, ambientalistas, ruralistas, ministério público e representante do mercado de carne.

Depois de mais de seis horas, a Comissão de Meio Ambiente da Câmara encerrou os debates sobre a implantação de um sistema de rastreabilidade do gado. Entre os convidados a falar, estavam Paulo Adario, do Greenpeace; Reihold Stephanes, ministro da agricultura; Daniel Azeredo, do Ministério Público Federal do Pará; Sussumu Honda, da Associação Brasileira de Supermercados (Abras); e Otávio Cançado, da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne (Abiec). Exceto por Cançado, que preferiu fazer seu setor posar como injustiçado, os convidados da comissão, em geral, apontaram os graves problemas ambientais da Amazônia e sugeriram maneiras de resolvê-los.

Stephanes repetiu seu mantra de que não é preciso se derrubar mais uma árvore para aumentar a produtividade agropecuária brasileira. Disse ainda que em, no máximo, seis meses o Pará terá um sistema de rastreabilidade de gado.

Adario mostrou a importância da preservação da Amazônia como parte dos esforços brasileiros para combater a crise do clima e reiterou que o Greenpeace é a favor do desmatamento zero. Ele disse também que o Brasil, para ser grande, precisa mudar. “Se nós não mudarmos a maneira como produzimos, corremos o risco de dar um tiro no pé”, disse Adario. “O relatório do Greenpeace tem o objetivo de alertar o Brasil sobre essa necessidade e para o risco de perdermos mercados lá fora.”

O procurador federal Daniel Azeredo mostrou o tamanho da ilegalidade na produção agropecuária paraense. Das 220 mil propriedades rurais do Estado, apenas 69 têm licença ambiental que as habilita a funcionar.

A avaliação do presidente da Abras é de que o Brasil mudou e a questão ambiental tornou-se fundamental. Honda contou que hoje o consumidor brasileiro, quando vai ao supermercado comprar carne, quer saber se ela veio de boi pirata.

Pose - Quando os convidados terminaram de falar, a presidência abriu o plenário para debates e os ruralistas se apossaram do microfone por mais de três horas. Infelizmente, não para debater a questão da rastreabilidade e o relatório do Greenpeace sobre o gado, mas para fazer pose para seus currais eleitorais.

Disseram-se contra a rastreabilidade, reclamaram de injustiça, choraram perseguição do Ministério Público e invocaram o nacionalismo para defender o desmatamento. Também atacaram o Greenpeace e o Ministério Público, e muito. Chamaram o Greenpeace de mentiroso e criminoso, acusaram os procuradores de abuso de poder e prometeram retaliações tanto contra um, como contra o outro.

Em nenhum momento, no entanto, rebateram as denúncias do relatório do Greenpeace, sinal eloquente de que o que está lá escrito é um retrato fiel da realidade do gado na Amazônia.


(Envolverde/Greenpeace)

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