terça-feira, 28 de julho de 2009

Garoto de 12 anos pede proteção à floresta durante consulta pública em Manaus


Alexandre Lucas Viana Ferreira Souza tem 12 anos. Na manhã de sexta-feira (24/07), foi liberado pela escola e pelos pais para participar de uma atividade pouco comum a crianças de sua idade: a última das seis consultas públicas promovidas pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS) do governo do Amazonas para a conclusão do Plano Estadual de Prevenção e Controle do Desmatamento.

Seu ideal de vida é proteger a Amazônia pela conscientização e seu sonho para o futuro é se tornar ministro do meio ambiente. Articulado, fala sem rodeios sobre a proteção da floresta.

Na segunda metade da consulta pública, pede a palavra. Sem se intimidar com os cerca de 250 adultos que o cercam, com o microfone na mão dirige sua pergunta a André Lima, coordenador de políticas públicas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM): “através deste plano, como o Amazonas vai combater o desmatamento?”. Mais direto impossível. Dispensável comentar a reação dos presentes. “Com vontade política, planejamento, investimento e capacidade de implementação”, responde Lima.

O engajamento de Alexandre despertou reações positivas das autoridades presentes. "Acredito firmemente que a implementação deste plano nasce de fato de participações e contribuições como a do jovem Alexandre, ao dar um grande exemplo de cidadania. Ele poderá no futuro cobrar juntamente com a sociedade a efetivação das ações tratadas nesta consulta pública. A luta contra o desmatamento é um dever de todos", destacou Nádia Ferreira, secretária de meio ambiente e desenvolvimento sustentável do Amazonas.

De acordo com ela, o governo vem implementando ações já previstas no plano desde 2003, com o fomento a atividades produtivas sustentáveis na política ambiental do Amazonas, caso do Programa Zona Franca Verde.

Engajamento

Alexandre Lucas assistiu a uma palestra sobre mudanças climáticas ministrada por profissionais do Centro Estadual de Mudanças Climáticas (CECLIMA) – como parte da implementação do tema “educação ambiental para a sustentabilidade” na grade curricular do ensino público no Amazonas -, a convite da Escola Estadual Luizinha Nascimento, onde estuda, em Manaus. A tarefa dada a todos os alunos foi escrever propostas relativas ao tema. “Eu defendi a conscientização dos meus colegas sobre a proteção e a importância da Amazônia para o Brasil e para o mundo porque sei que eles vão conscientizar outras pessoas”, diz.

Sua proposta o levou a ser escolhido por professores e alunos de sua escola para participar da II Conferência Estadual Infanto Juvenil pelo Meio Ambiente, que aconteceu em março, em Manaus. Um mês depois, ele e outros 25 alunos de escolas das redes pública e privada foram enviados a Brasília para representar o Amazonas na versão nacional do mesmo evento.

Sua participação nas duas conferências lhe rendeu um convite para integrar um grupo de jovens ambientalistas chamado Coletivo Jovem de Meio Ambiente, criado em 2003 pelo Ministério da Educação, com participação do Ministério do Meio Ambiente. O princípio do grupo é “jovem educa jovem, jovem escolhe jovem e uma geração aprende com a outra”.

“Quando eu era criança, brincava de defender a floresta. Hoje eu quero conscientizar sobre a importância e a beleza da Amazônia para nos ajudar, entendeu?”. Entendi. (Envolverde)

Por Karina Miotto*, para a Envolverde

* Karina Miotto é jornalista em Manaus e palestrante sobre a Amazônia.

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