Para aqueles que pedem a volta da estrada, a solução para evitar a destruição da floresta é simples: basta fazer cumprir a lei. "Bota reserva e bota fiscal que ninguém vai poder desmatar nada", diz Carlos Sérgio Assunção Rêgo, comandante da balsa que transporta carros pelo trecho "fluvial" da BR-319, entre Manaus e Careiro da Várzea. "É só querer que dá."
Herton Escobar, MANAUS
''Bota reserva e bota fiscal que ninguém vai poder desmatar nada''
Alheios aos cálculos dos cientistas e ambientalistas, que mostram o impacto potencialmente devastador que a reconstrução da estrada pode ter sobre a floresta, os moradores enxergam tudo de forma pragmática. "Pode ver que aqui ainda tem asfalto e não está nada devastado", aponta o taxista Paiva, quando passamos por uma área de pequenas pastagens. "Você vê a fazenda, mas vê a mata no fundo também. Aqui não tem pecuarista, só tem criador. É tudo coisa pequena."
Em nenhum ponto do trecho percorrido pela reportagem a floresta chega à beira da estrada. Mas não há momento em que ela suma de vista. As bordas da rodovia são ocupadas por pequenas fazendas de gado e casas de madeira isoladas, com lagoas usadas para criação de peixes. Até domingo, quase todas as áreas desabitadas - e algumas habitadas - ainda estavam inundadas até às margens da rodovia, refletindo os efeitos da maior cheia já registrada na região. "É por causa do aquecimento global", opina Paiva.
Em alguns pontos a água transbordava por cima do asfalto, criando armadilhas para os carros. Em uma delas, encontramos uma mulher enfiada na água até as canelas, procurando pela placa dianteira do carro, que havia caído num buraco submerso. "Tira uma foto aí e manda para o presidente Lula, para ele ver como é que está essa estrada", diz ela. Na volta, o carro de Paiva sofreu a mesma avaria, no mesmo buraco.
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