PARIS. As dançarinas senegalesas bem que tentaram, mas quem roubou a cena na premiação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Cultura e a Ciência (Unesco) ontem, em Paris, foi um grupo de ativistas do Greenpeace.
Por Lúcia Jardim*
Lula recebe prêmio da Unesco em cerimônia na qual Greenpeace protestou e recebeu o apoio do presidente
Enquanto Lula recebia o prêmio Félix Houphouët-Boigny pela Busca da Paz, das mãos do diretor-geral da organização, Koïchiro Matsuura, dois membros da entidade ambientalista subiram silenciosamente ao palco e se juntaram à foto oficial, exibindo faixas dizendo “Salve a Amazônia, salve o clima”.
Os participantes da comemoração — incluindo, entre outros, o primeiro-ministro português, José Sócrates —demoraram cerca de 30 segundos para perceber a presença dos manifestantes.
A plateia parecia não entender o que acontecia, e só demonstrou reações, de reprovação, quando os seguranças começaram a retirá-los do palco.
Apesar do mal-estar, o petista agiu como se nada estivesse acontecendo, recebendo o cumprimento das autoridades.
Nesse momento, um terceiro militante levou um globo inflável e tentou entregá-lo ao presidente Lula, que se esquivou. Após uma segunda tentativa, Lula aceitou o objeto.
— Primeiro, eu queria pedir desculpas aos jovens que entraram aqui com a faixa “Lula, tome conta da Amazônia”, ou “não deixe a Amazônia acabar”. Muitas vezes, não se sabe quem é, e o papel da segurança é não permitir.
Mas o alerta desses jovens é um alerta que vale para todos nós, porque a Amazônia tem que ser realmente preservada — disse o presidente.
Lula emendou: — De qualquer forma, o mal-entendido permitiu que toda a imprensa fotografasse a reivindicação dos jovens, que deve ser uma reivindicação de toda a humanidade. A Amazônia tem que ser preservada e cuidada com muito carinho.
Dois dos militantes eram franceses e um, brasileiro.
O prêmio Félix HouphouëtBoigny pela Busca da Paz foi oferecido a Lula por suas ações de promoção da democracia, igualdade e justiça social no Brasil.
Ele se une a personalidades como Nelson Mandela, Yitzhak Rabin, Yasser Arafat, Shimon Peres e Jimmy Carter, já laureados.
— Recebo este prêmio não tanto como uma homenagem à minha história pessoal, sindical e política, e mais como um reconhecimento das conquistas recentes do povo brasileiro — agradeceu o presidente Em encontro com Lula, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse que os dois países vão chegar na reunião do G-8, que começa hoje na Itália, defendendo a idéia de que o combate aos efeitos da mudança no clima se torne uma obrigação para todos os países
(*) Especial para O GLOBO
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