Por Fabíola Batista - Secom
O principal mercado consumidor do Brasil é também responsável pela destruição da Amazônia. Esta é a conclusão do estudo "Conexões Sustentáveis São Paulo - Amazônia: Quem se beneficia com a destruição da Amazônia?", de iniciativa do Fórum Amazônia Sustentável e Movimento Nossa São Paulo, executado por jornalistas das organizações Papel Social Comunicação e Repórter Brasil. Os resultados foram apresentados neste sábado (31), no salão verde do prédio central da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), dentro do Fórum Social Mundial 2009.
No estudo, foram identificadas empresas que mantêm negócios predatórios ao meio ambiente e que usam trabalho escravo como mão-de-obra. Também foram apresentados exemplos que mostram como o mercado global se beneficia da degradação da floresta e das populações amazônicas.
Leonardo Sakamoto, da Repórter Brasil, explicou que o estudo possui mais de dez casos de cadeias produtivas da madeira, pecuária bovina, plantio de soja e extrativismo vegetal. Algumas empresas citadas já assinaram pactos setoriais em que se comprometem a corrigir suas atividades. “Há um grande fluxo de negócios entre o sul do país e a Amazônia. Mas o modelo de exploração das matérias-primas está colocando em risco a sobrevivência das pessoas. As empresas que assinaram compromissos públicos, como os frigoríficos, poderão agora ser cobradas pela sociedade. Esse é um dos resultados do estudo”, disse.
Durante meses, os jornalistas percorreram milhares de quilômetros pela Amazônia para verificar a situação dos impactos ambientais e sociais causados pelo avanço desse tipo de negócios e de financiamentos públicos e privados sobre a floresta. “Só usamos casos de empresas que constavam na lista suja de trabalho escravo do Ministério do Trabalho. Já conseguimos rastrear mais de 300 fazendas. Temos que refletir sobre quem ganha com tudo isso. Supermercados podem vender carne oriunda de áreas embargadas por trabalho escravo? O poder público pode comprar madeira e carne de empresas embargadas?”, questionou.
Oded Grajew, criador do Movimento Nossa São Paulo, explicou que a organização faz parte do processo de mobilização da sociedade civil para transformar a capital paulista numa cidade mais justa e sustentável. “Nós acreditamos nas políticas públicas para universalizar direitos, mas não acreditamos que só as políticas públicas farão acontecer. Se a sociedade civil não se articular, não será possível mudar”, afirmou. Ele destacou que o estudo não foi feito apenas para denunciar. “O mais importante é levantar informações para conscientização. São muitos interesses pesados na destruição. E para quem denuncia, as conseqüências não são agradáveis”, ressaltou.
Grajew reforçou que quem derruba a floresta não o faz somente pelo prazer de derrubá-la. “Informados, evitaremos consumir produtos decorrentes de atividades predatórias. A denúncia tem que ser instrumento de mudança”, disse. O estudo foi concluído em 2008.
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