terça-feira, 18 de janeiro de 2011

HRT eleva perspectiva de exploração na Amazônia

A primeira sonda da HRT que vai perfurar a bacia do Solimões acabou de chegar ao Brasil e o presidente da empresa, Márcio Mello, busca adquirir mais duas que devem entrar em operação ainda no primeiro trimestre.

"Até julho, teremos seis sondas perfurando Solimões", disse Mello, elevando a previsão inicial de quatro para seis sondas na campanha dos 21 blocos da empresa em plena floresta amazônica.

A primeira sonda, da canadense Tuscany, será instalada nos próximos dias no bloco 1SOL-170, vizinho a Petrobras, no município de Tefé, depois de uma viagem de 15 dias em balsa até o meio da selva. A segunda, de acordo com o executivo, chegará em 20 dias, e as duas últimas da primeira encomenda chegam até fevereiro. Todas as bases da empresa na região já receberam licenciamento ambiental, segundo informou.


CHUVAS

"Quero que a primeira perfuração no Solimões seja feita até fevereiro, se a mãe natureza permitir", disse, referindose às fortes chuvas que costumam ocorrer na região amazônica, sobretudo nesta época do ano. Místico, Mello só anda descalço, "para sentir a energia da terra". Em sua sala uma imensa estrutura geológica de cristal e a luneta, sempre voltada à observação das formações geológicas no mar, evidenciam sua paixão pela geologia.

Há décadas no setor e com a experiência de 24 anos na Petrobras, além de outros tantos à frente de pequenas empresas de seviços, Mello considera a ainda pouco explorada bacia do Solimões "o maior potencial exploratório em terra do Hemisfério Sul", que, conforme prevê, vai se transformar na maior bacia de produção em terra do Brasil. Segundo Mello, em Solimões é encontrado o melhor petróleo do País, "são milhões de barris de 43 a 47 API", garante.

A Amazônia não é mistério para o ex-funcionário da Petrobras.

A estatal tem operações no local há anos e anunciou no final de 2010 a descoberta de indícios de petróleo e gás natural.

Quando ainda estava na empresa, Mello foi árduo defensor da exploração em novas fronteiras como a Amazônia e, principalmente, no pré-sal, região que agora diz querer distância, pelo menos no Brasil.

"A HRT não aceita não ser operadora. Enquanto o pré-sal for considerado da Petrobras, não vamos investir", afirmou, explicando que, pela dificuldade de competir com a estatal no País, a empresa aposta no présal do Oeste da África, na região da Namíbia, e prospecta também oportunidades em Angola.

11ª RODADA

Com a aprovação do sistema de partilha para as áreas do pré-sal, a Petrobras ganhou no final do ano passado o direito de ser operadora de todos os blocos que serão licitados na região, com participação garantida de 30%. Mas, segundo Mello, isso não deixará sua empresa fora da próxima licitação do governo para outras áreas, sob o sistema de concessão. "Qualquer leilão da ANP, a HRT está interessada, seja mar, terra, mas como operadora", explicou.

Além dos planos no Brasil, a HRT vai aplicar alguns dos milhões de dólares obtidos na abertura de capital no ano passado nas atividades na Namíbia.

Em fevereiro, inicia trabalho completo de sísmica 3D no Sul da África que, segundo Mello, nunca foi realizado.

"A Namíbia é uma bacia de Santos adormecida. Esse estudo vai nos permitir furar três poços em 2012", antecipou, informando que a Namíbia só teve nove poços perfurados em toda a história. Com produção mais expressiva prevista para a partir de 2014, Mello não se preocupa com surpresas no preço do petróleo nos próximos anos e prevê uma faixa entre US$ 90 e US$ 110 o barril entre este ano e o próximo, "e crescente em 2013 e 2014". Para o presidente da HRT, o setor produtivo vai sustentar esse crescimento.

Segundo maior acionista da empresa, com 7% do capital, superado apenas pelo fundo de investimentos South-Eastern Asset Management, que detém 12%, Mello quer tornar a HRT a maior empresa independente de petróleo do mundo em cinco a seis anos. Para isso, conta, além da longa experiência na Petrobras e em empresas de serviço que criou antes da HRT, com uma diretoria formada por três ex-diretores da estatal, entre os quais, um ex-presidente e ex-ministro, Eduardo Teixeira, e três exdiretores da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.

Somados aos executivos, há mais 1,5 mil funcionários, 70 deles ex-petroleiros da Petrobras.

Para crescer, a HRT vai usar até 2014 o caixa reforçado pela abertura de capital, atualmente em US$ 1,5 bilhão, que serão acrescidos em breve por warrants de US$ 250 milhões, de acordo com Mello, que serão exercidos por acionistas.

Entre 2010 e 2014, a previsão é de os investimentos somem US$ 2,1 bilhões.

"Com juros e os warrants projetamos caixa de US$ 3 bilhões nos próximos quatro anos. A companhia está capitalizada para cumprir suas obrigações", afirmou, confirmando a primeira produção da empresa para julho.

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