segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Apelo para proteção dos índios isolados na Floresta Amazônica

Indigenista expõe preocupação com o desaparecimento de índios

Maria Emilia Coelho

No dia 15 de dezembro de 2010, Sydney Possuelo, indigenista e ex-diretor da Coordenação Geral de Índios Isolados da Fundacão Nacional do Índio (Funai), emitiu uma declaração pública chamando a atenção para a situação de perigo que se encontram os últimos indígenas que vivem em isolamento na Floresta Amazônica.

Na “Carta Aberta em Defesa dos Povos Indígenas Isolados”, escrita em espanhol, Possuelo explica que represas e estradas estão sendo construídas na Amazônia sem propor ações efetivas para a proteção destes povos: “Se persistirem estas atitudes, o destino dos isolados já está determinado, eles desaparecerão”.

O indigenista expõe, especialmente, sua preocupação com a rodovia Interoceânica Sul, que une, através de outros eixos viários, os oceanos Atlântico e Pacífico, rasgando a floresta tropical.  O trecho da estrada que liga o município de Assis Brasil, no Acre, à cidade de Puerto Maldonado, capital do departamento de Madre de Dios, no Peru, está prestes a ser inaugurado pelos governos dos dois países.  “Os caminhões passarão incessante e perigosamente muito próximos aos territórios povoados por eles.  Que faremos para que isto não signifique mais ameaça à vida e mais devastação da floresta?”, alerta.

A maioria dos povos ainda sem contato com o resto do mundo se encontra na América do Sul, e na Floresta Amazônica.  Em 2005, aconteceu, em Belém do Pará, o Primeiro Encontro Internacional sobre Índios Isolados na Amazônia e Gran Chaco, onde foi constuída uma Aliança Internacional para a proteção destes povos que habitam as matas da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Paraguai e Peru.

Sydney Possuelo, que idealizou o encontro como diretor da Funai, acredita que de lá para cá muito pouco se avançou nessa luta.  “Nos últimos cinco anos tenho visto como se assinam decretos e concessões de exploração de recursos naturais em áreas habitadas por esses seres humanos.  Ainda consideram a Amazônia e os povos indígenas como obstáculo às estratégias de desenvolvimento”, afirma em trechos da sua declaração de dezembro.

A ideia do indigenista agora é recolher assinaturas de instituições e indivíduos para serem adicionadas à carta, que será apresentada à diversas entidades, como o Fórum Permanente sobre Questões Indígenas, e o Alto Comissariado para os Direitos Humanos (ACDH), da Organização das Nações Unidas (ONU), e também aos presidentes dos países que hospedam povos isolados, e às organizações multilaterais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Banco Mundial e o Pacto Andino.

“A situação é crítica e todos deveríamos nos unir.  Não podemos permitir que uma parte da humanidade seja extinta.  Os isolados têm que viver.  São a nossa essência mais pura, nosso impulso mais vivo.  Um mundo sem eles não valeria a pena, e no futuro não haveria perdão por uma tragédia tão grande contra nós mesmos e o planeta”, conclui.

Para adicionar seu nome à “Carta Aberta em Defesa dos Povos Indígenas Isolados”, envie um e-mail de aceitação para o seguinte endereço: endefensadelospueblosaislados@yahoo.com.

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