quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Investir em Belo Monte pode resultar em prejuízo, diz relatório

Além de causar danos à floresta amazônica e sofrer forte resistência de povos indígenas, a usina hidrelétrica de Belo Monte também poderá ser um péssimo negócio para investidores, instituições financeiras e parceiros, de acordo com o relatório "Análise de Riscos para Investidores no Complexo Hidrelétrico Belo Monte", lançado hoje (23) pelas organizações Amigos da Terra - Amazônia Brasileira e International Rivers.

Segundo o estudo, as instituições financeiras que optarem por investir em Belo Monte poderão ser co-responsabilizadas pelos danos sociais e ambientais que a usina causar. O estudo é divulgado dois dias depois de o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciar o primeiro financiamento de Belo Monte, de R$ 1 bilhão.

Entre os principais riscos, está a possibilidade de prejuízo financeiro, já que o desempenho de geração de energia do projeto é questionável. A grande variação de nível do rio Xingu fará com que a potência máxima da usina só seja alcançada nos meses de cheia do Xingu, enquanto que períodos de seca farão com que poucas turbinas sejam acionadas. A capacidade de geração média será de 4.420 MW, apenas 39% do total da capacidade instalada, de 11.233 MW.

O documento cita uma simulação sobre a lucratividade da operação, elaborada pelo banco Santander. De acordo com essa simulação, em um cenário otimista, em que o custo total da usina seria de R$ 20 bilhões, construída em cinco anos e a energia seria vendida por R$ 78 Mwh, o projeto teria um Valor Presente Líquido (VPL) negativo de quase US$ 8 milhões. No cenário mais realista, considerando o custo total de R$ 33 bilhões, tempo de construção de dez anos, e energia vendida a R$ 65 Mwh, Belo Monte teria um VPL negativo de quase US$ 7 bilhões.


Riscos para a reputação

Além das questões financeiras diretas, as empresas e instituições parceiras do projeto já enfrentam ações da sociedade civil na Justiça. Até o momento, organizações da sociedade civil e o Ministério Público Federal já entraram na Justiça com nove ações diferentes, questionando as ilegalidades da obra e do processo de licenciamento ambiental.

Vale destacar também, que as empresas e instituições financeiras que vierem a participar do projeto também correm riscos de reputação. Por ser um projeto que enfrenta resistência da sociedade e de povos indígenas, e que causa sérios impactos no meio ambiente, Belo Monte pode causar danos irreparáveis à imagem de uma empresa ou instituição.

O relatório foi enviado para mais de 20 empresas, entre instituições financeiras, fundos de pensão e empresas relacionadas ao projeto, é assinado por quatro pesquisadores: Zachary Hurwitz, Brent Millikan, Telma Monteiro e Roland Widmer, e contou com a revisão de outros seis pesquisadores. Na quinta-feira (23), às 16hs, dois dos autores (Brent Millikan e Telma Monteiro) participarão de um chat no site do Movimento Xingu Vivo para Sempre (www.xinguvivo.org.br) para explicar detalhes do estudo.

Leia o relatório na íntegra: Mega-projeto, Mega-riscos: Análise de Riscos para Investidores no Complexo Hidrelétrico Belo Monte no http://www.amazonia.org.br/arquivos/374461.pdf

Um comentário:

Teorias disse...

Possível solução de toda essa guerra gerada pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

Qualquer atividade que for ser realizada dentro do país, que cause grandes impactos, sejam quais forem, deve ser discutida e aprovada pelo Congresso Nacional, se a mesma envolver todo o país ou se ela estiver relacionada a áreas que estejam sobre os cuidados, proteção e administração da União. Caso não passe pelo Congresso Nacional, exorbita o poder regulamentar do País. Dependendo da gravidade, dos impactos e da possível comoção nacional do povo, o Congresso Nacional pode fazer jus de um plebiscito ou de um referendo (se for o caso).

Dependendo do caso, o plebiscito e o referendo podem ser pedidos ao Congresso Nacional por meio de um abaixo-assinado vindo do povo, mostrando assim o ensejo do povo em ser ouvido e consultado sobre o tema tratado ou que irá ser tratado pelo Congresso Nacional.

* Plebiscito é uma consulta ao povo antes de uma atividade ou projeto que vai ser discutido no Congresso nacional ou de uma lei ser constituída, de modo a aprovar ou rejeitar as opções que lhe são propostas.

* Referendo é uma consulta ao povo após a lei ser constituída (atividade ou projeto), em que o povo ratifica ("sanciona") a lei já aprovada pelo Estado ou a rejeita.

A Usina Hidrelétrica de Belo Monte vai estar interligada ao Sistema Nacional de Energia Elétrica, ou seja, caso precise da energia dela para se distribuída pelo país, será usada e caso haja um problema de funcionamento nela, como ocorreu na Usina Hidrelétrica de Itaipu, todo o sistema energético do país pode ser comprometido ou deixa de funcionar (todo ou certa parte deste sistema) temporariamente, para evitar possíveis danos e sanar as falhas de tal Usina Hidrelétrica. Isso envolve diretamente a vida de todos os Brasileiros que depende da Energia Elétrica do Sistema Nacional de Energia Elétrica do país.

Além disso, a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte envolve Terras Indígenas que estão sobre os cuidados, proteção e administração da União.

Resumindo:

Basta o povo se organizar e fazer um abaixo-assinado pedido ao Congresso Nacional que seja feito um Referendo, para que o povo possa ser consulta. No referendo, o povo irá ratificar ("sancionar") a lei já aprovada de autorização da Construção de Belo Monte ou rejeitar a mesma.

Belo Monte dizer a vocês: "...piada no exterior... vamos faturar milhões. Quando vendermos todas as almas dos nossos índios num leilão."

"A natureza é fonte inesgotável de saber e vida. Quem a destrói comete o genocídio dos pensamentos e ensinamentos que foram dados por ela."

(Cientista e Pensador Herbert Alexandre Galdino Pereira)