terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Goeldi vai criar 'código de barras' para espécies

Uma das funções do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) é identificar quais espécies de vegetais e animais habitam a floresta amazônica.  As pesquisas sobre a biodiversidade da Amazônia serão mais minuciosas.  A partir de agora, o DNA das espécies poderá ser identificado.  O Laboratório de Biologia Molecular do MPEG foi inaugurado na semana passada e apresentado à comunidade científica de Belém, no campus de pesquisa do Museu.  Os genes dos seres vivos serão identificados a partir de penas, pêlos, sangue e outros materiais biológicos.  Informações sobre o DNA das espécies serão disponibilizadas na internet.



O Emílio Goeldi é o primeiro museu do Brasil a ter um Laboratório de Biologia Molecular totalmente equipado.  A infraestrutura permite a identificação do DNA de espécies da fauna e flora.  "Daqui a dez anos, por exemplo, (essas informações) vão estar disponíveis aos fiscais do Ibama", prevê o coordenador do laboratório e ornitólogo Alexandre Aleixo.  A comunidade científica em todo o mundo se mobiliza para catalogar as espécies que habitam o planeta.  A ideia é transformar o DNA de animais e vegetais em "códigos de barra".  O recurso funcionará como a "carteira de identidade" da espécie.  O código fornecerá várias informações sobre o animal e o vegetal, inclusive se ele está em extinção.

O laboratório será utilizado por pesquisadores que desenvolvem pesquisas básicas no Museu Goeldi.  As atividades vão desde a investigação de contaminação de solo, de água, à pesquisa genética de populações tradicionais.  A pesquisa do DNA será feita no material biológico do próprio Museu.  Há amostras colhidas há mais de 100 anos.  Na Amazônia, outras três instuições de pesquisa disponibilizam de laboratório de biologia molecular e contribuem para a identificação das espécies.  "A UFPA (Universidade Federal do Pará) tem um departamento de genética muito desenvolvido", disse Alexandre Aleixo.

AVANÇO

Segundo Alexandre Aleixo, o Brasil está entre os cinco países com maior número de espécies de animais e vegetais.  Mas os pesquisadores ainda não conseguiram identificar quantas existem de fato no País.  Para o ornitólogo, o avanço nas pesquisas irá valorizar o meio ambiente e contribuir para a preservação ambiental.  No caso da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, por exemplo, os estudos poderiam identificar a dimensão concreta dos danos ao ecossistema.  Para o cientista, preservar o meio ambiente também gera capital.  Isso ocorre a partir da prestação dos serviços ambientais.  "O agronegócio do Brasil, Bolívia, Argentina e Paraguai depende da chuva da Amazônia.  As pessoas pensam que a chuva vai durar pra sempre", concluiu.

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