terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Usina de Belo Monte: contra ou a favor?

Por Giovanni Salera*

Temos visto recentemente muita polêmica entorno da construção da usina hidroelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no coração da maior floresta tropical do planeta - a Amazônia.

Muita gente não sabe opinar bem sobre o assunto, mas uma das coisas que salta aos olhos de qualquer um é o tamanho da área de floresta equivalente a mais de 100 mil campos de futebol que se perderá totalmente pelo gigantesco lago artificial que será formado para mover as turbinas dessa usina.

A favor dessa obra estão os milhares de empregos que serão gerados, a melhoria na infra-estrutura das cidades da região, a promoção de crescimento econômico do país, a redução do risco de “apagão”, entre outras coisas.

Todos nós lembramos que nas décadas de 60 e 70, o governo militar era o grande responsável pela promoção do desenvolvimento de nosso país, o que proporcionou que fossem feitas inúmeras ações mirabolantes e obras grandiosas com esse objetivo. Então, no decorrer da busca do tão falado “progresso” muitos direitos de povos indígenas, comunidades ribeirinhas e moradores pobres das cidades e da zona rural foram deixados de lado.

Naquela época, surgiram usinas hidroelétricas que trouxeram muitos impactos sociais e ambientais, tornando-se referência de descaso e incompetência das autoridades, como o caso da usina de Tucuruí, no Estado do Pará, e Balbina, no Amazonas.

Para atenuar tais ações desregradas e irresponsáveis surgiram inúmeros Movimentos Sociais e dezenas de ONG’s e Associações que passaram a pressionar governantes e empresários para respeitarem seus direitos e também para garantir a proteção da natureza na implantação de obras e empreendimentos, tais como: rodovias, ferrovias, hidroelétricas etc.

É bem verdade que hoje a realidade econômica e social de nosso país é outra, mas ainda assim existe um grande receio da população que teme o risco de ver repetir o mesmo mal de outras usinas e obras mal planejadas em Belo Monte.

Grande parcela da sociedade brasileira, incluindo muitos moradores do Pará, anseia pelas oportunidades de emprego que surgirão caso essa obra seja implantada. Por outro lado ninguém quer que exemplos negativos se repitam mais.

Para evitar que problemas passados voltem a ressurgir é preciso que a comunidade esteja engajada, unida para reivindicar seus direitos.

Penso que em nenhuma situação podemos ficar de braços cruzados, esperando as coisas acontecerem. É preciso se organizar e pressionar governantes, órgãos públicos e empresários para respeitarem os direitos dos cidadãos e, também, para garantir a proteção da natureza. Acredito que essa obra só será realmente proveitosa se levar em conta tudo isso.

*Giovanni Salera Júnior é Analista Ambiental.

Curriculum Vitae: http://lattes.cnpq.br/9410800331827187

Maiores informações em: http://recantodasletras.uol.com.br/autores/salerajunior

(Envolverde/Portal do Meio Ambiente)

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