sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Redução no desmatamento indica que REDD pode ter êxito

Após as muitas informações publicadas sobre mudanças climáticas e as várias discussões sobre o mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD) levantadas desde a COP 2005, estudos divulgados nos últimos meses indicam que os níveis de desmatamento foram reduzidos nas últimas duas décadas. De acordo com as análises, as reduções são bastante significativas, e mostram que O REDD tem sido uma das estratégias que tem contribuído para esta diminuição.

Um dos relatórios é o Global Forest Resources Assessment (FRA), publicado pela Food and Agriculture Organization of the United Nations (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO) em outubro de 2010. O estudo, publicado a cada cinco anos, reúne dados apresentados por quase todos os países do mundo. Segundo o FRA, o desmatamento de florestas tropicais de 2000 a 2010 caiu 18% em relação às taxas da década anterior, uma redução de 11,33 milhões para 9,34 milhões de hectares devastados. E entre 2005 e 2010, o nível de desmatamento foi menor que o dos primeiros cinco anos da década, em razão de uma diminuição drástica na devastação da floresta amazônica.

As estimativas apontam que o nível de perda de florestas primárias – que não tem qualquer intervenção humana – também caiu. Mas como os dados dependem das informações fornecidas pelos países, muitos cientistas questionam a credibilidade do FRA. No entanto, outro estudo, o Annual Global Carbon Budget (algo como Pressuposto Mundial Anual de Carbono), publicado no mês seguinte pela Nature Geoscience confirmou as estimativas apresentadas pelo Forest Resources Assessment.

O Global Carbon Budget, desenvolvido por mais de 30 de pesquisadores coordenados por Corinne Le Queré, da universidade de East Anglia, no Reino Unido, divulga informações anuais de todos os componentes do ciclo do carbono, que incluem as emissões provenientes do desmatamento, dos combustíveis fósseis, a captação pela fotossíntese na terra e no oceano e a mudança resultante na concentração de dióxido de carbono da atmosfera. Por serem anuais, estes relatórios permitem uma análise mais detalhada das tendências recentes.

A pesquisa indica que as emissões da última década caíram de uma média de 5,32 bilhões de toneladas de Cov(2) por ano para 3,23 bilhões de toneladas em 2009, o que significa uma diminuição de 39% em dez anos. Desde 1960, quando começaram as medições do estudo, os níveis de emissão de Cov(2) permaneciam relativamente estáveis, mas a partir de 2000, a queda nas emissões passou a ser contínua. O mais animador, no entanto, é que o Carbon Budget mostra que na maior parte dos países onde há mais concentrações de florestas tropicais, como o Brasil e a Indonésia, por exemplo, há uma tendência a reduzir o desmatamento.

Em dezembro, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) concluiu o relatório anual para o período 2009/2010 sobre o desmatamento na Amazônia Legal realizado pelo Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (PRODES), e apontou que houve uma redução de 14% nas taxas de desmatamento em relação ao ano anterior. Entre 1996 e 2005, a média anual de devastação era de 19.508 km², e no último estudo esta área havia sido reduzida para 6.451 km², uma diminuição de 67% em cinco anos.

De acordo com a União de Cientistas Preocupados, a redução do desmatamento no Brasil equivale a 870 milhões de Cov(2) anuais. Para se ter uma idéia, a União Europeia tem o compromisso de diminuir 20% de suas emissões até 2020, o que corresponde a pouco menos de 850 milhões de toneladas. Os Estados Unidos pretendem reduzir 17% de suas emissões, cerca de 1,2 bilhões de toneladas. O que significa que o que algumas nações esperam reduzir em uma década, o Brasil poderá diminuir em muito menos tempo. Apesar da redução do desmatamento estar ligado a uma série de fatores, o ganho do Brasil nos últimos cinco anos evidencia que REDD pode dar certo.

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