quarta-feira, 19 de março de 2008

OESP - França pede controle de madeira


Ministro de Ecologia quer que Brasil adote norma européia em exportação
COM AFP E EFE
Paris

O ministro francês de Ecologia, Desenvolvimento Sustentável e Planejamento, Jean-Louis Borloo, pediu ontem a sua colega brasileira, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que o Brasil siga normas aduaneiras européias em relação à madeira amazônica exportada para a Europa.

Borloo ligou para Marina um dia depois de ativistas da ONG Greenpeace impedirem o desembarque, em um porto francês, de madeira proveniente do Pará. Os ambientalistas alegam que as empresas responsáveis pela extração daquela carga têm um histórico de ações ilegais, como desmate em terras públicas, falta de planos de manejo e grilagem.

Segundo nota divulgada pelo governo francês, o ministro questionou o Brasil sobre a certificação de legalidade da extração, colocada em xeque pelo Greenpeace. Ele também pediu “máxima vigilância” aos serviços aduaneiros franceses e uma rigorosa análise dos certificados de autorização de produtos florestais. “Trata-se de lutar contra o desmatamento selvagem das florestas primárias, que vai contra a biodiversidade e a luta para evitar as mudanças climáticas”, diz a nota.

O ministro francês afirmou também que pretende defender “uma posição ambiciosa” diante dos demais países da União Européia, cuja presidência estará nas mãos de Paris no segundo semestre do ano. Ele espera, no período, impulsionar “uma melhora da luta contra o comércio ilegal de madeira exótica”.

A reportagem do Estado procurou a ministra Marina Silva ontem para comentar o contato com o governo francês, mas não obteve resposta até o fechamento da edição.

Militantes do Greenpeace abordaram anteontem um navio, com madeira procedente da Amazônia, perto do porto de Ouistreham, no noroeste da França. Após o posicionamento oficial, eles encerraram a manifestação.

Segundo Grégoire Lejonc, do Greenpeace, a declaração do ministro não é suficiente. “A França segue fazendo discursos contra a madeira ilegal sem passar para a ação”, afirmou.

De acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), 36% da madeira extraída da Amazônia Legal é exportada. A taxa de ilegalidade varia de 60%, para o Imazon, a 80%, para o Greenpeace. O principal mercado comprador no exterior é o europeu, segundo o Ministério do Desenvolvimento - cerca de 47%.

Em maio, a Comissão Européia vota a criação de sistemas mais severos de rastreamento da madeira que entra na União Européia, de forma a dificultar a importação de cargas ilegais e premiar aquelas que seguem parâmetros ambientais certificados.

Crédito da imagem: Ed Ferreira/AE

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