quinta-feira, 6 de março de 2008

Jornal do Brasil - PF bloqueia desmatamento ilegal no Sul do Pará

Por Vasconcelo Quadros Brasília

Em nove dias de fiscalização em Tailândia, a Operação Arco de Fogo da Polícia Federal e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) fecharam madeireiras, carvoarias, apreenderam equipamentos e interromperam o processo de desmatamento ilegal no Sul do Pará. Até agora, no entanto, nenhum outro órgão do governo chegou à região para absorver as levas de trabalhadores rurais - a maioria migrantes do Maranhão - que, sem emprego, passaram a perambular pela região sem alternativa de sobrevivência.

A extração da madeira e a produção de carvão - legais ou ilegais - estão na base da economia de muitos municípios como Tailândia. Policiais que participam da operação, já se deparam com um grande número de desempregados pelas ruas e bares da cidade e povoados próximos. Órgãos como o Incra ou da assistência social federal ou estadual ainda não apareceram.

Os autos de infração emitidos pelo Ibama já resultaram, só em Tailândia, numa arrecadação superior a R$ 3 milhões. Além disso, a apreensão de madeira de lei e carvão representam um verdadeiro rombo no bolso de quem agia clandestinamente. Dados atualizados no final da tarde de ontem apontam que foram apreendidas até agora 4.900 metros cúbicos de madeira de lei, o equivalente a cerca de U$ 7 milhões, e 845 metros de carvão que, retirados dos fornos, custaria perto de R$ 100 mil.

A Polícia Federal e o Ibama destruíram 355 fornos de carvão e outros 60 foram desmontados pelos próprios proprietários para evitar o peso das multas e o enquadramento em inquérito policial por crime contra o meio ambiente. Pelas estimativas dos dois órgãos, apenas na região, a desativação dos 415 fornos representam um alívio para a floresta: 11.600 árvores deixam de ser derrubadas todos os meses para a produção do carvão.



Símbolo da destruição


Também foram interditadas nove grandes serrarias. Entre os equipamentos apreendidos estão dois tratores, um caminhão e 13 motosserras - o maior símbolo de destruição das florestas. A Polícia Federal abriu dois inquéritos e lavrou outros seis termos circunstanciados - procedimentos que antecedem uma investigação oficial sem resultar em prisão em flagrante por se tratar de crime de baixo poder ofensivo. Tailândia é uma das bases da operação no Pará. Lá estão concentrados cerca de 500 agentes públicos, entre federais, Força Pública, Ibama e policiais civis e militares do governo do Pará. A força-tarefa está fazendo deslocamentos para fiscalizar madeireiras, assentamentos ilegais em áreas de preservação e carvoarias. Um novo contingente foi deslocado ontem para Porto Velho (RO) e outro deverá ocupar a região de Sinop (MT) nos próximos dias.

- A Operação Arco de Fogo chegou à Amazônia para ficar. A repressão será permanente e intensa - garante o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, que estima em pelo menos um ano a duração do esquema ostensivo.

O alvo principal é a extração ilegal de madeira, que puxará uma série de crimes correlatos. Corrêa diz que a PF está dialogando e agindo de forma articulada, mas adverte que, embora possa ter provocado reações de quem agira fora da lei, não haverá recuo.

- A Polícia Federal sempre causa desconforto. Mas não queremos só confronto - disse o delegado.

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