Por Fabíola Munhoz
O senador Cristovam Buarque também pretende criar uma frente para defesa dos povos indígenas no Congresso
O idealizador da vigília pela Amazônia, realizada no Senado como forma de chamar a atenção da população brasileira para o problema da degradação da floresta amazônica, senador Cristovam Buarque (PDT/DF), diz que já foi criado um grupo para que a mobilização pela defesa do bioma continue.
"A vigília deve ser permanente, se não, não vai conseguir", disse o senador, quando questionado sobre se a vigília, que durou das 18h00 do último dia 13 até a madrugada do dia 14, seria suficiente para pressionar a bancada ruralista do Congresso Nacional a votar projetos de lei com impactos à Amazônia de forma consciente.
De acordo com o senador, o grupo criado com o objetivo de tentar manter a vigília permanentemente será formado por parlamentares, artistas, intelectuais, além de outros interessados. No entanto, o modo como essa intenção será posta em prática não foi explicada pelo parlamentar.
Buarque disse que propôs a realização da vigília pela Amazônia no começo deste ano, durante audiência pública semelhante, que também havia sido proposta por ele, em defesa dos aposentados. O senador também destacou que sua proposta pôde ser concretizada com o apoio de artistas e de comissões do Senado que colaboraram com a realização do evento. "No meu discurso, durante a audiência pública, propus também fazermos outra vigília pelas crianças do Brasil", acrescentou.
Sobre a importância dessas vigílias, o senador destacou que elas são vistas por milhões de pessoas pela televisão, em transmissão ao vivo pelo canal TV Senado, e, portanto, seriam instrumentos eficientes para a formação de consciência.
"É uma tentativa, não de comoção pública, que seria algo muito drástico, mas, as pessoas depois das vigílias discutem, comentam o que ouviram, o que assistiram", afirmou.
Frente parlamentar
Cristovam Buarque também disse que está articulando a criação de uma frente parlamentar de apoio aos povos indígenas para defender os interesses dessas populações no Congresso Nacional. Ele mencionou o episódio do conflito entre indígenas e plantadores de arroz pela posse da terra indígena de Raposa Serra do Sol, em Roraima, para destacar a importância da criação dessa frente.
"Não havia [na época da disputa de Raposa Serra do Sol] uma bancada indígena no Senado e na Câmara. Havia apenas as bancadas da educação, da saúde, dos evangélicos, dos católicos. Mas, não havia uma bancada dos povos indígenas", informou.
De acordo com o senador, a intenção da frente parlamentar não é necessariamente fazer um contraponto à bancada ruralista, com grande força de atuação do Congresso Nacional, mas sim, defender os interesses dos povos indígenas. Porém, ele admite que o confronto de ideias com os defensores dos fazendeiros será inevitável. "No fim, acabaremos fazendo um contraponto", disse.
A decisão de Buarque por criar essa frente parlamentar foi expressa durante recente encontro dessas populações com representantes do Senado para discussões sobre a formulação de um novo Estatuto dos Povos Indígenas nacional.
Para que a criação dessa frente seja efetivada, o senador disse que ainda está coletando assinaturas dos parlamentares interessados. "Só um senador já é suficiente para que essa frente exista, mas isso não vale. Quero ver o máximo de pessoas participando", destacou.
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