Fabíola Munhoz
Parlamentares e sociedade civil organizada se reúnem a partir das 18h00, chamando a atenção da população ao problema do desmatamento
Começa hoje (13), às 18h00, na sede do Senado Federal, em Brasília (DF), uma vigília pela Amazônia, que será realizada em forma de audiência pública, com o objetivo de chamar a atenção da opinião pública para a necessidade de conservação da floresta.
O evento, que poderá ser acompanhado ao vivo em transmissão pela TV Senado, deverá se estender até meia-noite e contará com a participação de ambientalistas e parlamentares empenhados em debater as atuais ameaças à Amazônia, a importância do bioma e o avanço de iniciativas sustentáveis na região.
A vigília foi pedida ao Senado pelo movimento "Amazônia para Sempre", liderado pelos atores Christiane Torloni, Juca de Oliveira e Victor Fasano. Os artistas se impressionaram com a devastação da floresta amazônica durante as gravações da minissérie Amazônia, em 2007. O movimento reuniu cerca de 1,2 milhão de assinaturas de pessoas que pedem o fim do desmatamento.
Estudos já comprovaram que a Amazônia presta importantes serviços ambientais ao planeta, e especialmente ao Brasil, já que o equilíbrio climático do país depende da conservação da floresta. No entanto, o bioma vem perdendo, em média, um campo de futebol oficial de mata nativa a cada dez segundos, nos últimos seis anos.
Políticas para a Amazônia
Diante disso, durante a vigília, serão discutidos temas presentes na atual pauta do Congresso Nacional, como: a possível flexibilização do Código Florestal; a liberação contínua de obras sem o devido licenciamento ambiental, Medidas Provisórias (MPs) que afetam a Amazônia, como as Mps 458, sobre regularização fundiária, 452, que altera regras de licenciamento ambiental das rodovias e 450, que visa a facilitar o financiamento da construção de hidrelétricas.
Outras questões preocupantes abordadas serão as mudanças climáticas, que possivelmente foram responsáveis por enchentes em Santa Catarina (SC) e mais recentemente no Norte e no Nordeste do país, e a criação de varas de justiça especializadas em meio ambiente.
Para Marcos Mariani, presidente da Organização Não-Governamental (ONG) Preserve Amazônia, uma das entidades que apóiam a iniciativa, algumas das maiores ameaças à floresta amazônica atualmente são a abertura e a pavimentação indiscriminada de rodovias, sem preocupação com os impactos ambientais dessas obras.
"80% do total do desmatamento acontece nas imediações de estradas pavimentadas. Apesar deste fato, o governo federal insiste em abrir novas rodovias no meio da floresta, e o que é pior, sem atender as exigências mínimas da legislação ambiental vigente no país, que determina a necessidade de realização de estudos comparativos com alternativas, como as ferrovias", afirma Mariani.
De acordo com o ambientalista, está em execução o asfaltamento de mais de três mil quilômetros de estradas em áreas despovoadas e sensíveis ao desmatamento da Amazônia, sem a menor presença do Estado nesses locais.
Opinião pública
O diretor da ONG Amigos da Terra-Amazônia Brasileira, Roberto Smeraldi, convidado a apresentar, durante a vigília, o estudo "A hora da conta - Pecuária, Amazônia e Conjuntura", acredita que essa será uma tentativa de reconciliar a opinião pública com a atuação do Congresso que, nas palavras dele, estaria em rota de colisão.
"O evento pretende chamar a atenção do público não só para os danos, mas também às oportunidades que o país perde ao usar a Amazônia só para a produção de algumas commodities, como carne, minério, etc.", diz o ambientalista.
Também de acordo com ele, a iniciativa irá reforçar o resultado da pesquisa de opinião do Instituto Datafolha, segundo o qual 94% dos entrevistados querem o fim da derrubada de árvores, mesmo que isso atrapalhe a produção agropecuária, e 91% deles defendem uma legislação mais rigorosa, que dificulte o desmatamento.
A coordenadora da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas, que incentivou a promoção da vigília, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), diz que, além de atrair a opinião pública para os problemas ambientais na Amazônia, a mobilização irá incentivar e ampliar a solidariedade da população brasileira aos atingidos pelas recentes enchentes decorrentes do excesso de chuvas na região.
"O Congresso está discutindo muitas matérias e Mps ligadas a questões ambientais, e essa Vigília irá constituir uma referência para que os parlamentares tenham um olhar mais cuidadoso nessas votações, e sejam conscientes das conseqüências do seu voto", acrescentou a senadora.
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