quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Um plano para salvar o Cerrado

Governo promete conter o desmatamento de um dos principais biomas

Catarina Alencastro

BRASÍLIA. O governo se comprometeu ontem a investir R$ 339,4 milhões até o fim de 2011 para conter o desmatamento do Cerrado, que já teve quase metade (48%) de sua vegetação nativa destruída. O Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas do Cerrado (PPCerrado) faz parte do pacote para redução de 40% das emissões futuras de CO2 - uma forma de combate ao aquecimento global.

O Cerrado é responsável por 5% da biodiversidade mundial e as nascentes das quatro principais bacias hidrográficas do país. A estratégia tenta garantir o cumprimento da meta de cortar em 40% o desmatamento do bioma, compromisso assumido em Copenhague no ano passado.


- Estamos falando de um bioma que ocupa 24% do território nacional. É uma região estratégica em termos de recursos hídricos - disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

O Ministério do Meio Ambiente listou os 20 municípios com as maiores taxas de desmatamento como prioritários.

Somente 8% do bioma está protegido em unidades de conservação. O PPCerrado prevê a inclusão de 2,5 milhões de hectares em unidades de conservação federais.

A ideia é que a União amplie para 9% a proteção do bioma, e os estados contribuam incluindo mais 1% do Cerrado em unidades estaduais. Para isso foram escolhidas 21 áreas prioritárias, todas para onde ruma o agronegócio.

- O desmatamento está muito forte. É onde temos os remanescentes de Cerrado, e para onde está indo a agropecuária.

Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas já desmataram bastante. Então isso impulsiona o desmatamento - explica Mauro Pires, diretor de Políticas para o Combate ao Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente.

Para recuperar o grande passivo ambiental do Cerrado, o governo promete oferecer linhas de crédito rural para recompor 8 milhões de hectares de pastagens degradadas. A dificuldade de conter o desmatamento, diz Pires, é que por lei o proprietário de terra no bioma pode derrubar até 80% da floresta nativa.

Foram listada 38 ações de monitoramento e controle no plano. A principal delas é a criação de um sistema de detecção do desmatamento por satélite em tempo real. Até agora, a única forma de acompanhar o ritmo de destruição do bioma é um sistema do Ibama, que não é tão preciso quanto o do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

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