quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Companhia vai negociar créditos de carbono na bolsa

Modelo de comercialização está em estudo e primeira venda deve acontecer em até um ano

A fabricante de carvão vegetal ArcelorMittal Bioenergia pretende lucrar com o chamado mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), negociando o crédito de carbono embolsa.O sistema pode render US$ 234 milhões (R$ 400 milhões) à ArcelorMittal com o carbono sequestrado ao longo de dez anos. "Ainda estamos desenvolvendo um modelo para comercializar esses créditos.

Isso pode acontecer em seis meses ou um ano, depende da área técnica que foi montada para isso", diz o presidente da companhia, Elesier Lima Gonçalves.

Outro subproduto seria a geração de até 40 megawatts de energia elétrica nos fornos nos quais a madeira cortada em 21 municípios da Bahia e de Minas Gerais é transformada em carvão vegetal. "Ninguém nunca fez isso. Estamos desenvolvendo essa tecnologia", diz o gerente de desenvolvimento técnico, Wanderley Luiz Parnaíba Cunha.

A companhia estuda a instalação de pequenos geradores para serem alimentados pala fumaça emitida no processo de queima.A energia deve ser utilizada em altos- fornos siderúrgicos da ArcelorMittal.

A emissão de fumaça nas unidades de produção de energia (UPE) da ArcelorMittal Bioenergia é controlada, segundo a empresa, em quase 90% do processo. A companhia instalou um sistema de filtragem da fumaça que elimina gases como o metano e o carbônico. Solução caseira que está sendo acompanhada por outras duas inovações.

A instalação de um sistema de resfriamento dos fornos onde a madeira é transformada em carvão vegetal que deve reduzir o tempo de produção de 12 para 8 dias. O sistema consiste na troca de calor da ponta para o meio do forno, uma casa feita de tijolos de barro. Com isso, um duto conduz o ar quente de até 900 graus Celsius para um aparelho que adiciona o ar atmosférico, reduzindo a temperatura gradualmente no interior do forno para o ideal de 350°C. O modelo permite que o período entre a queima da madeira e o resfriamento seja reduzido de 8 para 4 dias, acelerando a fabricação do carvão. Processo controlado por dois sistemas de medição de temperatura, um manual (termometria), outro eletrônico (pirometria). Outro problema natural da produção de biorredutor vegetal é a secagem da madeira. Após o corte por uma colheitadeira mecanizada o eucalipto fica 40 dias armazenado para secar. Mesmo assim, quando chega ao forno para queima, o insumo tem em média 35%de umidade. A retenção de água exige que parte do processo de queima seja gasto na eliminação do líquido. A solução encontrada pela Arcelor para minimizar os efeitos da água foi desenvolver um secador gigante.

O equipamento é uma câmara onde a madeira é colocada e, por meio de uma tubulação, recebe vapor gerado no processo de queima do forno. O gás sai a uma temperatura de 900° C e é misturado ao ar atmosférico para ser reduzido a 150°C. O sistema, em fase de implantação, aponta a redução da água a um nível médio de 23%, volume considerado mínimo para evitar a combustão da madeira no secador. N.S.

RECEITA VERDE


R$ 400 mi

É o valor que a ArcellorMittal bioenergia avalia que poderá levantar com a comercialização de créditos de carbono em bolsa, num prazo de dez anos.

REFORÇO ENERGÉTICO

40 MW

Os fornos onde a madeira será queimada para gerar o carvão vegetal poderão produzir essa quantidade de energia elétrica. A tecnologia para se fazer isso, segundo a empresa, é inédita.

Pequenos geradores, alimentados pela fumaça emitida no processo de queima da madeira para a produção do carvão, produzirão energia para uso nos altos-fornos da companhia

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