sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Proibição de queima vai até fim do mês

Governo assinou decreto prorrogando período, em virtude da previsão de maior estiagem neste ano.  Partes de MT seguem consumidas pelas chamas.

O governo estadual prorrogou por mais 15 dias o período proibitivo de queimadas em Mato Grosso.  A decisão foi assinada pelo governador Silval Barbosa e publicada em decreto que circulou no Diário Oficial de anteontem.  A decisão se embasou nas previsões climáticas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que preveem o prolongamento da estiagem ao longo dos próximos três meses.  O próprio proibitivo, vigente desde 8 de julho no Estado, não conseguiu conter o avanço do fogo.



Dhiego Maia
Naíla Alburquerque

Segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), foram registrados 115 mil focos no período.  Até o final deste mês, portanto, atear fogo em pastagem configura um ilícito ambiental.

Um exemplo de devastação causada pelo uso criminoso do fogo no período ó a ocorrida na Reserva Florestal da Aldeia Tadarimana, a 43 quilômetros de Rondonópolis, onde ao menos 65% da vegetação foi consumida.  As chamas queimam no local há uma semana, apesar de autoridades informarem que não comprometem mais a vegetação.

De acordo com o cacique Cícero Kudaropa, o cenário no local atingido pelo fogo é triste, com diversos animais carbonizados espalhados pela área.  As imagens ganharam repercussão nacional.  Os animais que sobreviveram andam sobre as cinzas buscando um refúgio.  O cacique quer deixar claro que o fogo iniciou na fazenda “Velha”, como se referiu, com receio de que a população pudesse pensar que os índios tivessem causado o incêndio.

O cacique e os índios brigadistas, assim como outros profissionais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Rondonópolis, estão fiscalizando o local para evitar que a área isolada volte a ter fogo brando capaz de atingir a reserva ainda intacta.  Na área isolada ainda há partes que não foram atingidas pelo fogo e, por isso, é essencial a vigília.  O cacique enfatizou o cenário é desolador.  “Queremos que todos venham aqui para ver esse cenário triste.  Perdemos muitas árvores que nos davam frutas e remédios tradicionais do nosso povo, que vinha da natureza.  Foi um desperdício e ainda tem os bichos mortos.  Tem passarinho que caiu do ninho, tem tatu, quati, lobinho, jabuti, catete e outros animais”.

Ele contou que viu uma anta com filhote correndo sobre as cinzas.  “Ainda bem que perto de onde ela estava sabemos que tem uma nascente”, falou aliviado.  A queimada na reserva foi controlada na terça-feira, quando uma estrada indígena foi alargada de cinco para quinze metros e formou um grande aceiro.

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