terça-feira, 22 de março de 2011

Obras de Jirau recomeçam

Depois de ver suas instalações destruídas por atos de vandalismo na semana passada, a Usina Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, teve suas obras parcialmente retomadas ontem. Cerca de 300 funcionários voltaram a trabalhar na montagem do vertedouro, etapa necessária para realizar o desvio do rio, de acordo com Victor Paranhos, presidente da concessionária Energia Sustentável do Brasil, empresa responsável pelo projeto. A construção da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, também no Rio Madeira, será retomada hoje, após ser interrompida na sexta-feira por medida de prevenção.

Principal construtora do grupo ESBR, a Camargo Corrêa informou que grande parte dos quase 22 mil operários retirados do canteiro de obras desde quinta-feira retornaram a suas casas. Agora, o consórcio de Jirau programa a volta de boa parte deles ao local. Tropas policiais e da Força Nacional restauraram a segurança. Os protestos em Jirau começaram na última terça-feira, após uma briga entre um motorista de ônibus e um operário. Veículos e alojamentos foram incendiados e instalações do canteiro foram destruídas.

Entre sexta-feira e sábado, foram fretados 12 voos para o embarque de mais de 2 mil funcionários. Mais de 300 ônibus transportaram cerca de 8 mil pessoas que passaram pelos quatro centros de triagem instalados em Porto Velho. Segundo a empreiteira, trabalhadores interessados em voltar às atividades poderão fazê-lo assim que a empresa tiver reconstruído a infraestrutura necessária.

Vitrine

Orçada em R$ 13 bilhões, Jirau é uma das maiores obras em execução do país e uma das mais importantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O governo vem procurando estimular, ao máximo, sua construção para poder apresentá-la como uma vitrine. Segundo o presidente do consórcio ESBR, Victor Paranhos, o desvio do rio está praticamente concluído, com 95% do vertedouro pronto.

A Camargo Corrêa reafirmou que todos compromissos trabalhistas têm sido honrados, como salários, horas extras e benefícios. A empresa começou a averiguar possíveis insatisfações e reivindicações dos trabalhadores, em parceria com sindicatos. Desde a semana passada, a empresa oferece um serviço de informações para prestar esclarecimentos e fornecer orientações aos funcionários e a seus parentes.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, informou que, pelo menos por enquanto, os financiamentos da instituição para a construção das hidrelétricas do Rio Madeira não serão interrompidos. As obras de Jirau contam com financiamento de R$ 7,2 bilhões da instituição. O financiamento do banco para a Usina de Santo Antônio chega a R$ 6,1 bilhões. Até agora, foram liberados R$ 950 milhões. “Uma interrupção só ocorrerá se a crise se prolongar por meses. Não acredito nessa possibilidade”, disse Coutinho.

Fiscalização

O comitê de emergência formado pelos Ministérios Públicos Federal e estadual em Rondônia, além do Ministério Público do Trabalho, expediu uma série de ofícios de fiscalização sobre as condições de higiene dos locais onde os operários foram alojados. O grupo pediu garantia da integridade dos trabalhadores e da população de Porto Velho.

Nenhum comentário: