sexta-feira, 18 de março de 2011

É preciso novos modelos para a Amazônia, dizem especialistas

Thais Iervolino

"O desafio da Amazônia é encontrar um modelo de desenvolvimento capaz de trazer benefícios para a população sem destruir a floresta", foi o que afirmou a geógrafa Bertha Becker, ao analisar a problemática da região amazônica. Sua fala aconteceu durante o lançamento do livro A Gestão da Amazônia - Ações Empresariais, Políticas Públicas, Estudos e Propostas, que ocorreu ontem (16), em São Paulo.

Segundo Bertha, a grande lacuna na Amazônia é justamente a ausência do setor privado e, assim, a falta de se pensar um desenvolvimento de não agrida o meio ambiente. De acordo com ela, a Amazônia é uma região diversa, que compreende uma imensa área de floresta densa, cerrado, floresta de transição e áreas desmatadas. "É preciso pensar em diversos tipos de desenvolvimento, porque cada área é específica e diferente uma da outra", diz.

O livro foi escrito pelo professor Jacques Marcovitch, que faz um estudo sobre a participação do setor privado na Amazônia, analisando seu contexto e colocando exemplos de empresas que trabalham na região e que atuam de maneira sustentável.

Para Ricardo Abramovay, professor titular do departamento de economia da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP, que também esteve presente no lançamento, o livro denuncia cinco itens: o fato de a Amazônia ser um lugar de apropriação de terras públicas em larga escala; a visão de que a região é uma área de extração de recursos e não de produção do mesmo; ausência do Estado para garantir direitos humanos, como saneamento; coalizões empresariais que estimulam esse sistema de destruição e a precariedade da ciência e tecnologia investida na Amazônia.

"Apesar disso, houve mudanças. Pressões socioambientais fizeram com que houvesse, por exemplo, a moratória da soja e a discussão de soluções para atividades predatórias, como mesas redondas da pecuária. Mas é preciso mais mudanças", sinaliza.

Nenhum comentário: