domingo, 27 de março de 2011

Cameron e Schwarzenegger visitam região que será afetada pela hidrelétrica de Belo Monte no Pará

O cineasta James Cameron, diretor do premiado filme Avatar e o ator e ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger visitaram Altamira nesta quarta-feira (23/3)e reuniram-se com representantes indígenas e de movimentos sociais na aldeia Terra Wangã, na Terra Indígena Arara da Volta Grande, às margens do Rio Xingu. Cameron que já tinha estado n a região em 2010 disse que a luta continua e que seguirá apoiando os movimentos sociais da região contra Belo Monte.

James Cameorn e Arnold Schwarzenneger vieram ao Brasil para participar do Fórum de Sustentabilidade de Manaus e decidiram passar por Altamira. Cameron já havia visitado a região em abril do ano passado quando esteve no País para participar da primeira edição do fórum de Manaus e lançar em São Paulo o DVD do filme.

Como no ano passado, o ISA foi chamado a participar da visita junto com outras organizações do Movimento Xingu Vivo para Sempre. Cameron convidou o ex-governador da Califórnia para conhecer um pouco da realidade amazônica e a questão da construção da hidrelétrica de Belo Monte. Desta vez, o coordenador adjunto do Programa Xingu, do ISA, Marcelo Salazar, que trabalha em Altamira, foi convidado a recebê-los no aeroporto da cidade. Ele resumiu aos visitantes a situação atual do projeto de construção da hidrelétrica da Belo Monte.

”Voamos num Caravan Anfibio de seis lugares com assessores, segurança e um cinegrafista. Sobrevoamos a Transamazônica, a vila de Belo Monte, o local onde está planejada a construção do lago artificial da hidrelétrica, parte do Rio Xingu e do Rio Bacajá”. Marcelo falou sobre questões da história de ocupação da Amazônia, falou da situação dos povos indigenas, das áreas protegidas e explicou detalhes do projeto de Belo Monte.

“Pousamos no rio, em frente da aldeia Terra Wangã, na TI Arara da Volta Grande e os indigenas nos receberam com uma dança conduzindo os visitantes até o local onde iriam conversar, embaixo de uma mangueira. Cada liderança apresentou seu povo e história”, relatou Marcelo.

o encontro estavam presentes lideranças dos povos Arara, Juruna e Kayapó, além de lideranças dos movimentos sociais de Altamira e alguns especialistas no tema de Belo Monte, convidados pelo cacique José Carlos Arara. O cacique Raoni fez um emocionante discurso relembrando encontros que teve com o Marechal Rondon, com o Presidente Juscelino Kubitschek e outros presidentes do Brasil, dizendo que nenhum deles havia desrespeitado seu povo como fez o Presidente Lula e a Presidente Dilma. “Nós já dissemos que não queremos Belo Monte, não queremos que mexam mais na nossa terra", enfatizou Raoni.

As lideranças reafirmaram os perigos que a construção de Belo Monte envolve, disseram que não há informações qualificadas e isentas sobre o cumprimento das 66 condicionantes - condições prévias para obtenção da licença de instalação. “A equipe de licenciamento do Ibama não está acompanhando as condicionantes com isenção. Vemos que quase nada está sendo cumprido e ninguém faz nada para parar esse processo” disse Antônia Melo do Movimento Xingu Vivo. Phillip Fearnside, pesquisador do Insittuto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) colocou questões técnicas relacionadas com a emissão de carbono e a falta de investimentos estratégicos em energias alternativas. Acompanhando a comitiva estava também o antropólogo Terence Turner, da Cornel University, que trabalha com os Kayapó.

Arnold Schwarzenegger disse não ser contra hidrelétricas, e que temos de aprender a considerar todos os aspectos envolvidos nessas construções e avaliar com cuidado, tendo na mão informações técnicas prévias e de qualidade para considerar a real viabilidade dos empreendimentos. Ele disse também que a questão é diversificar as fontes de energia e tentar manter a energia o mais próximo possível de onde é consumida. Já James Cameron afirmou que continuará na luta e que os indígenas e movimentos sociais podem contar com ele. O cineasta afirmou também que quer investir em energias alternativas no Brasil para criar soluções energéticas.

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