sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Verdes criticam revisão de plano de Marina

Coordenador de campanha da senadora chamou discussão de proposta dela para a Amazônia de "trapalhada"

Governo começou a debater reforma de projeto justo quando petistas buscam votos da verde no 2º turno

FLÁVIA FOREQUE

CLAUDIO ANGELO

DE BRASÍLIA

Ambientalistas ligados à campanha de Marina Silva rechaçaram a proposta da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) de rever o PAS (Plano Amazônia Sustentável), principal legado da gestão da verde à frente do Ministério do Meio Ambiente.

O coordenador da campanha de Marina, João Paulo Capobianco, qualificou de "trapalhada" o seminário organizado pela SAE para colher subsídios técnicos para a revisão do plano, como a Folha revelou ontem.

"O PAS era uma orientação geral. Ele tinha de ser traduzido em ações de governo, mas em vez disso resolveram fazer uma discussão conceitual", afirmou.

"É um equívoco, porque o marco conceitual já foi aprovado pelo presidente", disse.

Capobianco disse não achar que o objetivo do governo seja desvirtuar o PAS. "Mas você não chama a imprensa para dizer que quer discutir um assunto", continuou. "Não é o momento, não porque seja eleição, mas porque é final de governo."

Ex-candidato do PV ao governo de São Paulo, Fábio Feldmann disse que o seminário foi "inoportuno". "Todo mundo querendo casar com a Marina e o pessoal vai lá e fala isso".

A mesma opinião foi expressada pelo deputado federal Sarney Filho (PV-MA). Ele afirmou que a discussão está "contaminada" pelo debate do segundo turno.

O deputado argumentou, porém, que a decisão foi tomada no âmbito do governo, e nada tem a ver com a posição de Dilma Rousseff (PT).

"No mínimo, é uma prova de que as coisas não estão concatenadas. A candidata Dilma está estudando as propostas para que a gente possa ter um diálogo", disse o parlamentar, defensor do apoio do PV à petista.

Na semana passada, o PV encaminhou a Dilma e Serra (PSDB) documento com propostas que gostaria de ver nos programa de governo.

Concebido pela equipe de Marina para guiar as políticas para a Amazônia, o PAS acabou sendo o estopim da saída dela do governo.

Em seu lançamento, em maio de 2008, o presidente Lula decidiu entregar a gestão do plano à SAE, então chefiada por Mangabeira Unger. Lula alegou que Marina não era isenta para geri-lo. A SAE, porém, nunca tirou o PAS do papel.

Anteontem, no seminário em Brasília, o secretário-executivo da SAE, Luiz Alfredo Salomão, disse que o PAS precisava ser revisto por ter "lacunas" em pontos como defesa e mineração.

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