sábado, 23 de outubro de 2010

Mais uma chance perdida

O Greenpeace questionou pessoalmente o candidato José Serra (PSDB) sobre seu compromisso com a manutenção das florestas e uma matriz energética renovável. Mas ele deixou a oportunidade escapar e postergou a decisão para um futuro não definido.

Ponta Grossa, 21 de outubro de 2010 - O candidato José Serra (PSDB) até que tentou, mas não passou do "trololó" quando o assunto foram seus compromissos por um Brasil mais verde e limpo, caso eleito presidente. Na dúvida, um grupo de ativistas do Greenpeace foi pessoalmente questioná-lo em Ponta Grossa, interior do Paraná.

Ele foi interpelado na rua, onde iniciava uma carreata de campanha, com uma faixa onde estava escrito "Serra, desmatamento zero e lei de renováveis: você assina embaixo?" e uma caneta, para assinar uma carta com seu comprometimento com a manutenção das florestas brasileiras e com uma matriz energética limpa.

Serra afirmou para os ativistas que não assinaria na hora e que analisaria o documento em São Paulo.

Uma explicação para a resposta é a diferença de público a quem se refere nas diferentes praças. Em evento em São Paulo, Serra posou de defensor do ambiente; no Paraná, reduto de ruralistas, ele tirou o corpo fora. "Serra teve a oportunidade de comprovar aqui o que vem alardeando em sua campanha, de que é um ambientalista desde criancinha. Por enquanto, ficou só no discurso", afirma Marcio Astrini, coordenador de campanha do Greenpeace.

A candidata Dilma foi a primeira a desperdiçar sua chance. Ao ganhar de nossos ativistas a mesma carta que selaria um compromisso com o Brasil do futuro, ontem, em evento de lançamento de sua plataforma ambiental em Brasília, apesar do incentivo de aliados, também não assinou.

"Até agora, nenhum dos dois candidatos foi capaz de assumir um posicionamento claro sobre dois temas cruciais tanto para o desenvolvimento quanto para a preservação dos recursos naturais do país e do planeta: o futuro de nossas florestas e o aumento de energias limpas e renováveis", diz Astrini.

O desmatamento zero baseia-se no fato de que já existem áreas desmatadas suficientes no Brasil para que a produção agropecuária se expanda, sem que seja necessário cortar mais árvores. Já o pedido do Greenpeace por uma matriz limpa vem do imenso potencial de geração de energia a partir do Sol e do vento mal aproveitado no país, e que pode ganhar fôlego com a aprovação do projeto de lei 630/2003, parado no Congresso.

"Os presidenciáveis esperam do eleitor um cheque em branco na questão ambiental. Nós queremos projetos concretos, que mostrem ao povo brasileiro que tipo de presidente pretendem ser, o que luta por um país verde e desenvolvido ou que promove um devastado e atrasado", conclui Astrini.

Frente ao desinteresse dos candidatos à Presidência em relação a temas ambientais, o Greenpeace iniciou a campanha "Vote por um Brasil mais verde e mais limpo". Por meio de uma petição on-line, perguntamos aos dois como eles vão garantir o desmatamento zero e o incentivo às fontes limpas de energia.

(Envolverde/Greenpeace)

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