sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Para Dilma, mudar projeto para Amazônia seria contradição

DE BRASÍLIA
DE BELÉM

A candidata Dilma Rousseff (PT) comentou a reportagem publicada pela Folha ontem que mostrou que o governo estuda rever o PAS (Plano Amazônia Sustentável).

Em palestra pública e gravada, anteontem, o secretário-executivo da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) da Presidência da República, Salomão, dissera ser preciso repensar o projeto.

Dilma afirmou não ser contra o programa, legado de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente: "Não sei bem quais são as medidas, até porque a matéria não fala, mas participei com a Marina. Concordo com o plano. Acho que combina duas ações importantíssimas. Seria uma contradição comigo mesma".

Dilma negou divergências no governo com Marina por conta do PAS.

Já a atual ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, negou que haja uma tendência à revisão do PAS.

A ideia de repensar o plano, um dos motivos de Marina ter pedido demissão do ministério, em 2008, foi revelada ontem pela Folha.

"Não conheço revisão formal do PAS", disse Teixeira. "Acho que como ministra do Meio Ambiente, eu seria informada", afirmou.

"Tenho o maior respeito por todos aqueles que me antecederam. Tanto a ministra Marina quanto o ministro [Carlos] Minc. E estou dando continuidade a todos os planos e programas."

Segundo a ministra, a Folha citou sua declaração corretamente, mas "traz uma fala equivocada, dizendo que falo do preservacionismo".

Teixeira afirmou que o que ela discutiu foi a necessidade de "avançar na agenda ambiental na Amazônia além de preservação e conservação para a fronteira tecnológica da biodiversidade".

Questionada, Teixeira negou que as declarações tenham motivação eleitoral, para agradar Marina Silva.

SEM MUDANÇAS

Também ontem, a SAE disse, em nota, que não pretende rever o PAS. Segundo a secretaria, a reportagem "interpretou, de forma equivocada, os objetivos do seminário "Visão Estratégica da Amazônia'", em Brasília.

"A avaliação consensual dos ministérios encarregados da execução do PAS é de que as diretrizes adotadas na época da aprovação [2008] se demonstraram acertadas", segue o comunicado.

Segundo a nota, o PAS tem obtido "resultados significativos" na redução do desmatamento e na regularização fundiária.

Na abertura do seminário, anteontem, o secretário-executivo da SAE declarara: "Precisamos rever o PAS. Não que tenha erros, mas tem lacunas que precisam ser preenchidas e atualizadas em função de novos conhecimentos sobre a região e novas percepções, iniciativas e projetos econômicos."

Afirmou ainda que a questão da defesa "me parece ser a grande omissão do PAS" e que a SAE "não tem porte suficiente" para verificar a execução do programa.

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