PERIGO - Há suspeitas de que garimpeiros despejavam mercúrio nos rios da região
Evandro Corrêa
Um garimpo clandestino para extração de ouro foi desmontado durante uma ação envolvendo o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Polícia Federal (PF) e Fundação Nacional do Índio (Funai), com apoio do Exército e da Força Nacional. O garimpo estava dentro da terra indígena dos kaiapó, a 160 quilômetros do município de Redenção, no sul do Pará. Batizada de Operação "Bateia", a ação ocorreu de 19 e 21 de outubro e cerca de 300 pessoas, entre elas mulheres e crianças, foram retiradas da área e conduzidas às cidades de Redenção e Cumaru do Norte.
De acordo com o Ibama, há suspeitas de que o garimpo vinha contaminando com mercúrio os rios da região, principalmente o rio Fresco, um dos afluentes do Xingu. Segundo a Funai, cresceu o número de reclamações dos índios sobre doenças associadas à substância em todas as 14 aldeias kayapó localizadas abaixo da área da extração ilegal. Peritos da Polícia Federal e da Coordenação Geral de Emergências Ambientais do Ibama coletaram amostras da água em 15 pontos do garimpo para medir o nível de mercúrio. Se confirmada a contaminação, a área poderá ser isolada até para os índios.
Durante a operação, o garimpo foi tomado sem resistência. Na área protegida, onde deveria haver floresta amazônica intocada, os agentes federais e os militares encontraram 160 hectares de terra arrasada pela mineração ilegal. Pelo menos 30 minas foram abertas pelos garimpeiros, deixando para trás desmatamento, solo exposto e grandes lagoas de água contaminada. Aproximadamente 50 das 100 edificações improvisadas, entre cabanas, vendas e instalações, tratores, caminhões e o sistema de captação de água foram destruídas pelo Ibama.
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