Índice caiu com recessão mundial, mas deve atingir pico histórico este ano
Steve Connor
Do Independent
As emissões antrópicas de gás carbônico para a atmosfera estão crescendo novamente, após uma queda menor do que a esperada em 2009, atribuída à recessão econômica mundial. A previsão dos cientistas é de que a liberação de CO2 causada por queima de carvão, petróleo e gás atingirá seu pico histórico este ano.
O ritmo de emissões de gases-estufa nunca foi tão alto e mais uma vez está em plena aceleração. Climatologistas revisaram seus cálculos sobre o despejamento de CO2 e concluíram que este índice caiu apenas 1,3% em 2009 - menos de metade do que o esperado. A estimativa é de que ele se reverta em um crescimento de mais de 3%, maior do que a média anual observada na década.
Luta contra mudanças no clima depende de acordo
As novas previsões vieram após mais de 20 anos de enfáticas advertências da comunidade científica de que os governos precisavam tirar do papel uma drástica contenção nas emissões, se quiserem evitar mudanças climáticas potencialmente perigosas que se manifestariam ainda este século.
Nos anos 90, o crescimento anual de emissões de CO2 era, em média, de 1%. Na última década, este índice pulou para 2,5%. Um novo salto acontecerá caso líderes mundiais não cheguem a um acordo ligado aos gases-estufa na Conferência do Clima em Cancún, no México, que começa na segunda-feira.
A última análise, assinada por Pierre Friedlingstein e Corinne LeQuere, respectivamente das universidades inglesas de Exeter e East Anglia, mostra que as tentativas de países desenvolvidos de estabilizar o CO2 presente na atmosfera foram débeis demais para produzir qualquer impacto significativo nas emissões.
Apenas uma recessão econômica global teria o poder de provocar esta desejável queda nas emissões - tanto assim que a liberação de CO2 pelo planeta em 2009 foi menor do que no ano anterior. Esta queda, no entanto, foi tímida e já superada, muito provavelmente por causa da dinâmica economia de países em desenvolvimento - muitos dos quais têm os combustíveis fósseis como matriz energética.
- Não foi a primeira vez que registramos esta queda - ressalta LeQuere. - Também ocorreu o mesmo no início dos anos 80 e 90. Toda vez que há uma crise financeira, diminui esta liberação de gás carbônico.
Estas reduções, no entanto, foram compensadas pelo crescimento nas emissões de países como China - onde elas aumentaram 8% no ano passado - e Índia (6,2%).
- A ligação entre a economia e as emissões de combustível fóssil ainda é muito firme. Ao menos no contexto global, os esforços para um desenvolvimento econômico livre da liberação de CO2 não têm produzido grandes resultados. Não há qualquer evidência de que as emissões estejam começando a refrear.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) alertou, em relatório, que manter o quadro atual de emissões de CO2 provocaria um aumento da temperatura global em mais de 6 graus Celsius.
- Estamos vivendo as projeções mais pessimistas do IPCC - alerta LeQuere. - Os países desenvolvidos precisam reduzir suas emissões internas, mas não há sinais de que isso está em sua pauta. Ao menos não de uma forma expressiva, que limite o aquecimento global em até 2 graus Celsius. Quando o assunto são acordos vinculativos, os governos preferem arrastar os pés.
Mas nem tudo são más notícias. De acordo com a pesquisadora, as taxas de desmatamento caíram. As emissões de CO2 provenientes da destruição de florestas tropicais foram compensadas por um aumento na cobertura florestal nas latitudes de clima temperado.
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