Governo assinou decreto prorrogando período, em virtude da previsão de maior estiagem neste ano. Partes de MT seguem consumidas pelas chamas.
O governo estadual prorrogou por mais 15 dias o período proibitivo de queimadas em Mato Grosso. A decisão foi assinada pelo governador Silval Barbosa e publicada em decreto que circulou no Diário Oficial de anteontem. A decisão se embasou nas previsões climáticas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que preveem o prolongamento da estiagem ao longo dos próximos três meses. O próprio proibitivo, vigente desde 8 de julho no Estado, não conseguiu conter o avanço do fogo.
Dhiego Maia
Naíla Alburquerque
Segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), foram registrados 115 mil focos no período. Até o final deste mês, portanto, atear fogo em pastagem configura um ilícito ambiental.
Um exemplo de devastação causada pelo uso criminoso do fogo no período ó a ocorrida na Reserva Florestal da Aldeia Tadarimana, a 43 quilômetros de Rondonópolis, onde ao menos 65% da vegetação foi consumida. As chamas queimam no local há uma semana, apesar de autoridades informarem que não comprometem mais a vegetação.
De acordo com o cacique Cícero Kudaropa, o cenário no local atingido pelo fogo é triste, com diversos animais carbonizados espalhados pela área. As imagens ganharam repercussão nacional. Os animais que sobreviveram andam sobre as cinzas buscando um refúgio. O cacique quer deixar claro que o fogo iniciou na fazenda “Velha”, como se referiu, com receio de que a população pudesse pensar que os índios tivessem causado o incêndio.
O cacique e os índios brigadistas, assim como outros profissionais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Rondonópolis, estão fiscalizando o local para evitar que a área isolada volte a ter fogo brando capaz de atingir a reserva ainda intacta. Na área isolada ainda há partes que não foram atingidas pelo fogo e, por isso, é essencial a vigília. O cacique enfatizou o cenário é desolador. “Queremos que todos venham aqui para ver esse cenário triste. Perdemos muitas árvores que nos davam frutas e remédios tradicionais do nosso povo, que vinha da natureza. Foi um desperdício e ainda tem os bichos mortos. Tem passarinho que caiu do ninho, tem tatu, quati, lobinho, jabuti, catete e outros animais”.
Ele contou que viu uma anta com filhote correndo sobre as cinzas. “Ainda bem que perto de onde ela estava sabemos que tem uma nascente”, falou aliviado. A queimada na reserva foi controlada na terça-feira, quando uma estrada indígena foi alargada de cinco para quinze metros e formou um grande aceiro.
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