quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Amazônia concentra maior quantidade de casos de trabalho escravo do país

Na semana passada, a relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para as Formas Contemporâneas de Escravidão Gulnara Shahinian esteve no Brasil apresentando relatório sobre o atual estado do país no combate ao trabalho escravo.  Segundo o relatório, a Amazônia concentra a maior quantidade de casos de trabalho escravo do país.


O relatório cita dados nacionais, como do Ministério do Trabalho ou do estudo conduzido pela Repórter Brasil "O Brasil dos biocombustíveis".  Segundo esses dados, os Estados em que foram encontrados a maior quantidade de pessoas em situação de escravidão estão na Amazônia: Pará (48%), Mato Grosso (15%), Maranhão (8%) e Tocantins (7%).

Os trabalhadores são aliciados principalmente nos Estados do Maranhão, Piauí e Tocantins.  As atividades que mais se utilizam de trabalho escravo, pecuária (38%), agricultura de larga escala, como na produção de cana-de-açúcar (25%), desmatamento (14%) e carvoarias (3%).

"A situação de trabalho escravo afeta pessoas do sexo masculino, entre 15 e 40 anos, de família de baixa renda, e a grande maioria dos trabalhadores em trabalho escravo estão em servidão por dívida", explica o relatório.

O relatório elogia o Brasil pelo reconhecimento da existência de trabalho escravo e pelos planos de combate e erradicação do trabalho escravo, mas também faz recomendações urgentes para o Brasil.  "As ações exemplares podem ser ofuscadas se medidas urgentes não forem tomadas para interromper o ciclo de impunidade por fazendeiros, empresas locais e internacionais e alguns intermediários, os 'gatos', que usam trabalho escravo".

Veja o relatório aqui e as recomendações na íntegra, em inglês.

Report of the Special Rapporteur on contemporary forms of slavery, including its causes and consequences

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