Cláudia Felizola
Incêndio de grandes proporções compromete a reserva ecológica mais próxima de Brasília, que precisou ser fechada ao público. Para moradores, o fogo tem origem criminosa
As chamas que começaram por volta das 7h30 de ontem, próximas ao início da área residencial da Granja do Torto, alastraram-se por grande parte da Reserva Ecológica do Parque Nacional de Brasília, obrigando o Corpo de Bombeiros e o Batalhão Florestal a um exaustivo trabalho de tentativa de contenção. Até o fechamento desta edição, o fogo já estava à altura da Represa de Santa Maria, e não havia previsões para o resultado das ações ou informações sobre o tamanho da área atingida.
Devido à intensidade das chamas e à densidade da vegetação, além dos fortes ventos soprando para dentro do parque, o fogo se propagou muito rapidamente , explicou o major Lindomar de Oliveira. Segundo ele, o maior problema começou quando o incêndio se propagou para dentro do parque. Não havia queimadas lá há mais de 10 anos. Com a vegetação densa, as labaredas ficam muito altas, não dá para a gente chegar perto , relatou.
Trabalhavam no local 137 bombeiros com 16 viaturas, um helicóptero e mais oito viaturas da administração do parque, além de 50 brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Os agentes em operação ainda aguardavam a chegada de dois aviões para auxílio. Apesar de não ter estimativas para o fim do incêndio, o major afirmou que o Corpo de Bombeiros estava conseguindo atingir os objetivos, organizando a substituição dos agentes para que o combate às chamas prosseguisse ininterruptamente durante a noite.
Moradores da região disseram acreditar que a queimada pode ter sido intencional, provocada por jovens na saída de uma festa na Granja do Torto. Um morador, que não quis se identificar por ser membro do Corpo de Bombeiros, afirmou ter a mesma suspeita. Muita gente ficou perambulando por aqui, alcoolizada e sem transporte , contou. Ele disse ter visto os jovens no local por volta das 8h, quando o incêndio já havia começado. A seca favorece, mas tem que haver um agente , completou. Fiscais receberam informação de que um grupo de jovens saiu de uma festa e parou o carro na beira da estrada. O fogo teria partido daí, embora não se possa afirmar se foi acidental ou proposital.
Suspeitas
Proprietários de casas localizadas de frente para a reserva, no local onde o fogo começou, precisaram colaborar no combate às chamas. O engenheiro agrônomo Francisco Leite, 66 anos sete deles vividos no local já presenciou outras queimadas na área e engajou-se na ajuda para que os danos não atingissem as residências. A aposentada Cledenir de Maria Ribeiro, 66, sentiu o calor das janelas de sua casa.
Com o celular, o militar Élcio Branco registrou, em fotos e vídeos, o início do incêndio, com labaredas estimadas em cerca de 10m de altura. Segundo ele, a área próxima às residências foi consumida em pouco mais de 15 minutos. É lastimável! , lamentou. O militar também acredita tratar-se de um ato criminoso.
As equipes fizeram vários aceiros cortes na vegetação formando espécies de pequenas valetas para evitar a propagação do fogo , mas o recurso não foi suficiente. Um helicóptero sobrevoou a região com um equipamento chamado Bambi bucket, que permite içar a grandes alturas tonéis de água para serem despejados sobre as chamas. Hoje, será feita uma perícia técnica para determinar a origem do fogo. Caso seja detectado incêndio criminoso, será aberto um inquérito. Bombeiros estão acampados no local, e a Água Mineral estará fechada durante todo o dia.
Crédito da imagem: Lula Lopes/Esp. CB/D.A Press
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