segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Benefícios ambientais

Roberta Machado

Por meio de um intenso trabalho paisagístico, o estereótipo da imagem seca e descolorida do cerrado deve, aos poucos, dar lugar à jardinagem artística formada por espécies de um dos biomas mais diversificados do mundo, rico em texturas e formas.


Estamos quebrando paradigmas. Tanto na urbanização quanto no paisagismo, estamos mudando os conceitos arraigados na construção civil , resume o engenheiro florestal Luiz Otávio França, assessor técnico da Superintendência de Gestão de Áreas Protegidas do Ibram (Sugap). Imagina você descer do apartamento e ter na mão frutos do cerrado como murici, pequi ou cagaita.

A ideia do transplantio para a recuperação de áreas danificadas é mais antiga do que parece. Outros biomas, como a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica, há décadas têm suas espécies usadas para o paisagismo em suas respectivas regiões de origem, num processo conhecido como ecogênese(1). Um exemplo prático de sucesso é a Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, recuperada com espécies transportadas da própria Mata Atlântica. Dessa forma iremos fazer um bairro que tem a paisagem do cerrado, em vez de criar uma completamente diferente da que existia no local , completa Lúcia Helena Ferreira, assessora técnica da Sugap.

A expectativa é de que o impacto causado na qualidade ambiental da região será menor que o verificado em bairros formados unicamente por áreas verdes estranhas à vegetação local. O clima é um produto da ação humana. Antes da construção de Brasília, não havia períodos de seca tão grandes e intensos como hoje , atenta Manoel Cláudio da Silva Júnior, engenheiro florestal e professor da Universidade de Brasília (UnB).

1 - Recriação natural A técnica, que teve como um dos propulsores Burle Marx, consiste na utilização de espécies recuperadas para a composição de seus sistemas originais. Essa forma de recuperação tem como resultado a criação de uma paisagem completamente natural.

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