"Estamos levando nossa economia natural à falência. Precisamos montar um pacote de socorro antes que seja tarde demais."
Os países do mundo estão levando suas economias naturais à falência e precisam tomar medidas ousadas para reverter as perdas de biodiversidade causadas pela poluição, o desflorestamento e as mudanças climáticas, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na quarta-feira.
Líderes mundiais presentes à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) buscaram energizar o esforço global em relação à biodiversidade --a preservação das espécies animais e vegetais-- antes da reunião que será no Japão em outubro para acordar um plano formal.
Em uma minicúpula dedicada à questão, Ban disse que o mundo não conseguirá alcançar uma meta de 2010 de "reduzir significativamente" as perdas de biodiversidade.
"A crise financeira do ano passado foi um chamado de despertar para os governos com relação ao perigo de deixarem de regulamentar e controlar relacionamentos complexos que afetam a todos nós. A crise da biodiversidade não é diferente", disse Ban.
"Estamos levando nossa economia natural à falência. Precisamos montar um pacote de socorro antes que seja tarde demais."
A ONU diz que o mundo está enfrentando as piores perdas desde o desaparecimento dos dinossauros, 65 milhões de anos atrás. O ritmo cada vez mais intenso de extinções pode prejudicar as reservas de alimentos e água para a população humana crescente, prevista para chegar a 9 bilhões de pessoas até 2050.
Metade das áreas pantanosas do mundo, 40 por cento de suas florestas e 30 por cento dos manguezais foram perdidos nos últimos cem anos.
É possível reverter a degradação dos ecossistemas nos próximos 50 anos se os governos puderem acordar grandes mudanças, diz o organismo mundial.
"Se a destruição dos ecossistemas continuar no ritmo atual, a humanidade pode perder para sempre, no futuro próximo, a maior parte das riquezas da natureza", disse o ministro do Exterior japonês, Seiji Maehara.
Em entrevista coletiva na segunda-feira, um grupo dos que pedem a adoção de metas duras --incluindo o ator americano Edward Norton, embaixador da boa vontade da ONU-- pediu aos Estados Unidos, que não ratificaram uma convenção de 1993 sobre a biodiversidade, que adote uma posição de liderança mais forte.
Norton disse que "é desanimador observar que no ano passado países tão caóticos quanto Iraque e Somália" firmaram a convenção, "mas que os Estados Unidos aparentemente ainda não descobriram como fazê-lo. E isso é vergonhoso."
Alguns países, como os da União Europeia, querem definir o prazo de até 2020 para "sustar a perda da biodiversidade", meta que muitos especialistas dizem ser inalcançável.
Os países pobres dizem que essa meta exigiria a multiplicação por cem dos fundos para a proteção da biodiversidade, que atualmente são de cerca de 3 bilhões de dólares por ano.
Uma alternativa é não fixar nenhum prazo final definitivo, mas apenas discutir ações a serem tomadas até 2020 "no sentido de terminar com" a perda de espécies animais e vegetais.
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