sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O Globo - Desmate na Amazônia é reduzido em outubro

Por Soraya Aggege

Foram 102 quilômetros de desflorestamento; nuvens, no entanto, encobriram áreas analisadas

SÃO PAULO. O Sistema de Alerta de Desmatamento do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) constatou que, em outubro, foram desmatados mais 102 km² da Floresta Amazônica, o equivalente a um campo de futebol a cada dois dias. Houve uma redução de 81% no desflorestamento, em relação a outubro do ano passado, quando o desmate atingiu 524 km².

Cerca de 22% da Amazônia Legal, porém, estavam encobertas por nuvens, o que impede uma visão global dos satélites. As áreas que não foram monitoradas estão no Amapá (61% do estado estava encoberta) e em cerca de um terço da área do Acre, de Roraima, do Pará e de Amazonas.

Além disso, a parte do Maranhão que integra a Amazônia não foi analisada. A margem de erro do relatório é de 8%.

Segundo o levantamento do Imazon, o desmatamento acumulado no período de agosto a outubro de 2008 (são os três primeiros meses do calendário atual de desmatamento, por causa das chuvas), totalizou 524 km². Em relação ao mesmo período de 2007, houve redução de 77%.

No mês passado, segundo o Imazon, o desmatamento foi maior no Pará (52%), principalmente na Terra do Meio, seguido por Mato Grosso (36%), Rondônia (6%) e Amazonas (6%).

Desde setembro de 2008, o Imazon também registra a degradação florestal oriunda de áreas que sofreram intensa exploração madeireira e/ou atingidas por incêndios. Se forem consideradas as áreas que sofreram esse tipo de ação, em vez de 102 km² outubro teve 122 km² de desmate. Desse total, 55% ocorreram no Pará, 40% em Mato Grosso, e 5% em Rondônia.

Nos assentamentos da reforma agrária, o sistema verificou 17 km² de desmate em outubro, principalmente no Pará e em Mato Grosso. Quase a mesma medida, 16 km² de desflorestamento, foi verificada nas Unidades de Conservação da Amazônia, no Pará. Nas terras indígenas, foram desmatados menos de 1% dos 102 km² (800 m²).

A maior parte do desmate ocorreu em áreas privadas ou de conflitos de posse. As cidades mais críticas estão no Pará: São Félix do Xingu, Altamira e Novo Progresso, onde há madeireiros e conflitos sociais.

Nesta sexta-feira, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) anunciará os dados de seus dois sistemas de monitoramento, usados pelo governo federal como base oficial da situação da floresta. O detalhamento da situação, com os cálculos das taxas de desmate, partirá do Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal, levantamento anual que considera as áreas maiores que 6,25 hectares já totalmente desmatados por corte raso. O Inpe divulgará os últimos dados do Deter (Detectação do Desmatamento em Tempo Real), que é mensal e considera as áreas em processo de degradação, com sensores de menor resolução, como os do Imazon.

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