quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Desmatamento é maior que o previsto

Consórcio de Santo Antônio aguarda autorização para derrubar mais 7 mil hectares

O destino de toneladas de madeira desmatada para as obras da usina de Santo Antônio permanece incerto e ameaça os planos do consórcio liderado por Furnas e Odebrecht de antecipar as operações da usina. Em meio a dificuldades para fechar negócio com a holding Sustainable Forest Holdings Limited (Susfor), de Hong Kong, a madeira de 7,4 mil hectares de mata, o consórcio aguarda autorização oficial do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para supressão de outros 7 mil hectares.

Os entendimentos com a madeireira visam um contrato não só de exportação das toras para a China, mas também para comercialização no mercado brasileiro. O acordo já deveria ter sido sacramentado há mais de duas semanas, mas a espera pelo aval do Ibama, concedido apenas no início da semana, impediu a consumação do acordo.

A empresa de Hong Kong, que mantém escritórios em São Paulo, Acre e Pará, teria sido indicada pelo ex-governador de Rondônia, Ivo Cassol, como parte da estratégia oficial de constituir um grande polo moveleiro no estado. A intenção é processar em empresas locais a madeira desmatada pelas usinas para posterior comercialização.

Mais devastação Se a autorização do Ibama saiu para a comercialização da madeira já cortada, o consórcio ainda aguarda resposta do órgão ao pedido de corte de uma área adicional da mata, conhecida como Autorização de Supressão de Vegetação (ASV). Gerente geral do consórcio, o engenheiro Nelson Caproni, da Odebrecht, revela que o pedido foi protocolado no dia 15 de outubro. A autorização tornou-se necessária devido às imprecisões do levantamento aerofotográfico da região. Durante o desmatamento da margem, identificou-se a necessidade de cortar uma quantidade duas vezes maior de árvores.

Embora boa parte da vegetação seja composta por madeiras não nobres, foram identificadas espécies com grande atratividade comercial. Por lei, toda e qualquer madeira resultante de desmatamento precisa de autorização do Ibama para o corte e para a comercialização.

O problema é que o descompasso entre os ritmos do licenciamento e das obras representa, de acordo com Caproni, ameaça ao cronograma de antecipação do projeto de Santo Antônio. O consórcio pretende iniciar as operações em dezembro de 2011, um ano antes do prazo original do empreendimento, de modo a comercializar a energia não prevista pelo cronograma original no mercado livre. R.R.M.


Por lei, toda e qualquer madeira resultante de desmatamento precisa de autorização do Ibama para o corte e a venda

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Problemas regulatórios e ambientais colocamem risco antecipação de Jirau em um ano. Linha de transmissão entre Porto Velho (PA) e Araraquara (SP) ainda não foi aprovada.

Exportação de madeira de desmatamento ainda não foi autorizada pelo Ibama, mas consórcio Santo Antônio Energia já pediu para derrubar mais 7 mil hectares de floresta.

Abastecimento dos canteiros é um dos desafios para construção das duas usinas.

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