O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncia na quinta-feira o zoneamento da cana-de-açúcar, com veto a novas lavouras no Pantanal, na Amazônia e na região do Alto Rio Paraguai, em Mato Grosso. Lula anunciará ainda que hoje o País planta cana em cerca de 8 milhões de hectares e que, em oito a dez anos, poderá chegar a 15 milhões, sem a necessidade de utilizar solo amazônico ou pantaneiro.
Por João Domingos, BRASÍLIA
O zoneamento está previsto em projeto de lei que será assinado por Lula, em cerimônia na sede da Embrapa, em Brasília. Ao contrário das propostas que criam o marco regulatório do pré-sal, Lula não pedirá urgência para a votação. Pela proposta, será proibido o plantio de cana em áreas hoje utilizadas nas lavouras de alimentos. Com isso, a área ambiental do governo crê que o País poderá vender para o mundo que produz "combustível 100% verde", além de chegar fortalecido à reunião de Copenhague, em dezembro, quando os governos tratarão das iniciativas para o combate ao aquecimento global.
Segundo o Planalto, a decisão de Lula foi tomada durante a última reunião em que tratou do tema, há um mês. Dela participaram os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Carlos Minc (Meio Ambiente) e Reinhold Stephanes (Agricultura). "Não vale a pena arrumar encrenca em áreas tão sensíveis e por coisa tão pequena se temos terras em excesso para plantar cana", disse Lula, de acordo com um auxiliar.
O cultivo de cana no Pantanal e a instalação de usinas no Alto Rio Paraguai eram reivindicados pelos governadores do Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), e do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB).
Conforme o zoneamento da cana, além de ser proibida a competição desse tipo de lavoura com áreas de produção de alimentos, a colheita nas novas plantações será obrigatoriamente mecanizada, sem fogo. Para os canaviais consolidados, deverá ser dado prazo de cinco anos para que as queimadas sejam zeradas. Além de poluir, as queimadas para a colheita da cana são responsáveis também por boa parte das autuações do Ministério do Trabalho.
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