BRASÍLIA. O ritmo de destruição do cerrado é duas vezes maior do que a que vem ocorrendo na Amazônia. Enquanto a faixa anual de desmatamento na Amazônia gira em torno de 10 mil km² por ano, no cerrado 21.260 km², em média, vêm sendo derrubados todos os anos.
Por Catarina Alencastro
Até 2008, estado que mais desflorestou o bioma foi Mato Grosso; Carlos Minc anuncia plano de proteção
Isso quer dizer que, anualmente, o bioma perde 1,04% de sua cobertura florestal. Mato Grosso foi o estado que mais desmatou o cerrado até 2008. Ao todo, o estado derrubou 175.163 km², 6% dos quais entre 2002 e 2008. O dado foi divulgado ontem pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Levando em conta o desmatamento apenas de 2002 até o ano passado, o Maranhão aparece em primeiro lugar, com 23.144 km² desmatados em apenas seis anos. A destruição é mais rápida em Mato Grosso do Sul: dos 105.446 km² ali desmatados, 18% (11.663 km²) foram derrubados nesse período.
O “Arco do desmatamento do cerrado” se encontra na divisa entre Bahia e Goiás. São baianas as quatro cidades que mais desmatam. Nessa região, o principal vetor da destruição é a soja.
Para Minc, haverá resistências a medidas Como O GLOBO antecipou domingo, quase metade do cerrado já foi desmatado. Segundo o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente, 48,2% dos 2.039.386 km² de todo o cerrado já viraram plantações de grãos, cana, carvão ou pasto. Minc anunciou ontem o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no cerrado, semelhante ao implementado na Amazônia.
— Talvez a gente tenha demorado para despertar para o drama dos outros biomas. Com certeza isso deveria ter sido feito mais cedo — admitiu.
Com investimentos previstos de R$ 400 milhões até 2011, o plano entra em consulta pública até 10 de outubro. Em parceira com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) será criado o Deter (Detecção do Des matamento em Tempo Real) do cerrado. Haverá ações específicas para os 60 municípios que concentram 33% do desmate. Há promessa de ampliar as áreas protegidas. Hoje, 7,5% do cerrado estão em Unidades de Conservação.
A meta é chegar a 10% até o final de 2010.
— A resistência a essas medidas vai ser maior do que na Amazônia porque no Cerrado está concentrado grande parte do agronegócio — previu Minc.
Um dos principais argumentos do ministério para tentar salvar o que resta do cerrado é o potencial energético da região.
As três principais bacias hidrográficas brotam no local e outras sete passam por ali.
Segundo o diretor de Conservação da Biodiversidade do órgão, Braulio Dias, metade do potencial hidrelétrico do país está no bioma.
Segundo o governo, as emissões de CO2 com a queima do bioma já equivalem às geradas pela destruição da Amazônia.
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