Há três anos sem pagar sua cota financeira da Organização Meteorológica Mundial (OMM), o Brasil perdeu o direito ao voto na entidade, que é a principal das Nações Unidas para meteorologia e clima. A perda se dá justamente no ano em que a comunidade internacional precisa decidir sobre o futuro das emissões de CO2.
Por Jamil Chade, GENEBRA
País está inadimplente há três anos; Europa reduz emissões em 1,3%
Sede do prestigioso Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), a OMM abriu ontem sua conferência mundial sobre o clima, com a meta de estabelecer um sistema internacional de coleta e distribuição de dados meteorológicos. A ideia é construir uma rede que permita que dados sobre o clima sejam repassados para a agricultura e para os sistemas de saúde e de energia.
A dívida do Brasil é de mais de US$ 2,5 milhões, valor considerado baixo para as entidades internacionais. Inicialmente, o dinheiro teria de ser pago pelo Ministério da Agricultura, mas o Planejamento teria pedido para centralizar as contribuições internacionais do País.
Por enquanto, o Brasil está driblando a suspensão do voto. Isso porque o presidente do Instituto Nacional de Meteorologia, Antonio Moura, é o terceiro vice-presidente da OMM, com mandato até 2011. Oficialmente ele não representa o Brasil, mas tem desempenhado a função do País. Moura admite que vem sendo cobrado pela entidade para que o Brasil pague sua cota anual. "A cobrança existe", disse, pedindo para não entrar em detalhes sobre a polêmica.
As cobranças sobre o Brasil não se limitam ao pagamento das cotas. Em entrevista ao Estado, a representante da ONU para o Clima, Gro Harlem Brundtland, afirmou que o País tem que entender que a preservação da Amazônia não é apenas um interesse nacional. "O Brasil precisa ter a consciência de que tem uma responsabilidade internacional", disse.
KYOTO
Os 15 países da União Europeia comprometidos com o Protocolo de Kyoto reduziram em 1,3% as suas emissões de gases de efeito estufa em 2008, informou a Agência Europeia de Meio Ambiente. Desde 1990, a redução chega a 6,2%. A agência se mostrou satisfeita, apesar de afirmar que parte da redução se deveu à recessão econômica. "Temos que consolidar essa tendência pelos próximos quatro anos", disse o comissário europeu para o Meio Ambiente, Stavros Dimas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário