segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

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Editorial

A criação do Fundo Verde do Clima, com vistas a financiar o combate ao aquecimento global em países em desenvolvimento, foi a principal decisão da conferência de Cancún sobre o clima, encerrada no fim de semana.

A proposta é um desdobramento de promessas de apoio financeiro que haviam surgido em Copenhague, em dezembro do ano passado. Serão US$ 28 bilhões no curto prazo e, no longo, um valor mais elevado, que deverá alcançar US$ 100 bilhões (cerca de R$ 170 bilhões) ao ano, em 2020.

Também se chegou a entendimento sobre compensações financeiras à redução do desmatamento em países tropicais. O desmate de florestas responde por cerca de 15% das emissões globais de gases que provocam o efeito estufa.

São decisões que têm o mérito de tentar responder à questão crucial dos custos gerados pela agenda ambiental. São, portanto, boas notícias em se tratando de um encontro que começou sob prognósticos de fracasso -mas não o bastante para evitar que se chegue a 2020 com emissões acima do que seria desejável.

Um passo mais firme no sentido de conter o aquecimento dentro de parâmetros considerados seguros por cientistas exigirá um acordo, com força de lei internacional, pelo qual os países se comprometam com metas, em especial os mais ricos e mais poluidores, como os Estados Unidos.

As discussões prosseguirão no final de 2011, em Durban, na África do Sul. Até lá, parece pouco provável que os EUA mudem de posição. Se a vitória de Barack Obama criou esperanças de uma nova atitude do país nas discussões sobre o clima, a continuidade da crise econômica e a vitória parlamentar do Partido Republicano se encarregaram de varrê-las.

A preocupação com as dificuldades da economia e uma opinião pública cada vez mais sensível aos argumentos dos céticos do clima (que não acreditam na influência da atividade humana sobre o aquecimento) são importantes obstáculos políticos para que o governo americano -e os de outros países- assumam compromissos rígidos sobre cortes de emissões.

Apesar do apoio oferecido às nações pobres, não há, como se vê, motivo para otimismo.

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