terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Envolvimento da população é essencial para Operação Arco Verde Terra Legal, diz secretário

O secretário executivo da Operação Arco Verde Terra Legal, que visa a promover ações sustentáveis nos 43 municípios com os maiores índices de desmatamento, acredita que a participação da comunidade é essencial para a implementação do projeto.  “As pessoas foram muito receptivas.  Elas entenderam que não bastam medidas de punição, que é preciso estruturar um novo modelo de gestão”, afirmou ontem (13) Paulo Guilherme Cabral.


A Operação Arco Verde Terra Legal foi implantada no ano passado em seis estados.  Durante quatro meses, o mutirão do projeto percorreu as cidades responsáveis por 53% do desmatamento da Amazônia.  Além das alternativas para diminuir o índice, foram oferecidos serviços de regularização fundiária e ambiental, acesso ao crédito, assistência técnica especializada e difusão tecnológica.

Cabral explica que as ações desenvolvidas e monitoradas têm o objetivo de mudar o modelo produtivo, mas que a aplicação é difícil pela capacidade local de gestão.  “É muito difícil fazer a tecnologia alternativa chegar, não só por causa da localização de algumas regiões.  Os produtores e os funcionários precisam de capacitação porque isso é uma mudança na realidade deles, eles têm que ter compreensão de que o modelo é mais adequado, entender como comercializar o produto”, acrescenta.

De acordo com Cabral, o projeto tem reduzido o desmatamento de forma significativa, apesar de ser uma ação de médio e longo prazo.  “Nós temos consciência de que não é possível fazer uma mudança drástica na realidade daquela população em apenas um ano, e é por isso que é preciso continuidade”, afirma o secretário.

A única cidade que foi excluída da lista é Paragominas (PA), porque mais de 80% do território passou pelo Cadastramento Ambiental Rural (CAR) e o desmatamento diminuiu em mais de 40 quilômetros quadrados.  Além disso, o município assinou um Pacto Municipal pelo Desmatamento Zero.

Segundo o prefeito da cidade paraense, Paulo Tocantins, as ações de combate ao desmatamento vêm sendo tomadas desde 2008, antes da operação.  Um mapeamento da região mostrou que 65% do território correspondia à floresta, o que surpreendeu o prefeito, que acreditava em um percentual menor.  “O problema era o passado que Paragominas tinha, de ter desmatado demais, aberto demais e de forma desordenada”, afirma.

Uma das medidas adotadas no município é a parceria com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) para monitoramento.  “Antes, a gente só sabia do desmatamento depois, então, o dano já estava feito.  Agora sabemos em tempo real: quando é detectado um foco de desmatamento, o Imazon é informado, dá as coordenadas geográficas para a prefeitura.  Nós deslocamos agentes da coordenadoria de meio ambiente que analisam o local, e depois avisamos o proprietário”, esclarece o prefeito.

Paulo Tocantins considera ainda que a economia representa um papel importante no processo: “Tem que fazer com que a floresta tenha mais valor em pé do que derrubada”.  Em Paragominas, ele diz que a mudança afetou negativamente o setor, mas já está em recuperação.

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