O secretário executivo da Operação Arco Verde Terra Legal, que visa a promover ações sustentáveis nos 43 municípios com os maiores índices de desmatamento, acredita que a participação da comunidade é essencial para a implementação do projeto. “As pessoas foram muito receptivas. Elas entenderam que não bastam medidas de punição, que é preciso estruturar um novo modelo de gestão”, afirmou ontem (13) Paulo Guilherme Cabral.
A Operação Arco Verde Terra Legal foi implantada no ano passado em seis estados. Durante quatro meses, o mutirão do projeto percorreu as cidades responsáveis por 53% do desmatamento da Amazônia. Além das alternativas para diminuir o índice, foram oferecidos serviços de regularização fundiária e ambiental, acesso ao crédito, assistência técnica especializada e difusão tecnológica.
Cabral explica que as ações desenvolvidas e monitoradas têm o objetivo de mudar o modelo produtivo, mas que a aplicação é difícil pela capacidade local de gestão. “É muito difícil fazer a tecnologia alternativa chegar, não só por causa da localização de algumas regiões. Os produtores e os funcionários precisam de capacitação porque isso é uma mudança na realidade deles, eles têm que ter compreensão de que o modelo é mais adequado, entender como comercializar o produto”, acrescenta.
De acordo com Cabral, o projeto tem reduzido o desmatamento de forma significativa, apesar de ser uma ação de médio e longo prazo. “Nós temos consciência de que não é possível fazer uma mudança drástica na realidade daquela população em apenas um ano, e é por isso que é preciso continuidade”, afirma o secretário.
A única cidade que foi excluída da lista é Paragominas (PA), porque mais de 80% do território passou pelo Cadastramento Ambiental Rural (CAR) e o desmatamento diminuiu em mais de 40 quilômetros quadrados. Além disso, o município assinou um Pacto Municipal pelo Desmatamento Zero.
Segundo o prefeito da cidade paraense, Paulo Tocantins, as ações de combate ao desmatamento vêm sendo tomadas desde 2008, antes da operação. Um mapeamento da região mostrou que 65% do território correspondia à floresta, o que surpreendeu o prefeito, que acreditava em um percentual menor. “O problema era o passado que Paragominas tinha, de ter desmatado demais, aberto demais e de forma desordenada”, afirma.
Uma das medidas adotadas no município é a parceria com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) para monitoramento. “Antes, a gente só sabia do desmatamento depois, então, o dano já estava feito. Agora sabemos em tempo real: quando é detectado um foco de desmatamento, o Imazon é informado, dá as coordenadas geográficas para a prefeitura. Nós deslocamos agentes da coordenadoria de meio ambiente que analisam o local, e depois avisamos o proprietário”, esclarece o prefeito.
Paulo Tocantins considera ainda que a economia representa um papel importante no processo: “Tem que fazer com que a floresta tenha mais valor em pé do que derrubada”. Em Paragominas, ele diz que a mudança afetou negativamente o setor, mas já está em recuperação.
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