Editorial
A divulgação dos dados oficiais de desmatamento na Amazônia no período de agosto de 2009 a julho de 2010 confirma o excesso de otimismo da estimativa de 5.500 km2 de desflorestamento apresentada em meados de agosto pelo governo federal, após o início da campanha eleitoral.
Mesmo assim, a marca de 6.451 km2 merece comemoração. A área equivale a 4,3 vezes a do município de São Paulo. Parece muito, mas constitui a menor superfície já registrada desde que o monitoramento por satélite teve início, em 1988. Com esse resultado, o governo cumprirá cinco anos antes do previsto as metas do Plano Nacional de Mudanças Climáticas.
Seria um trunfo para a conferência do clima iniciada nesta semana no México -não estivesse a reunião fadada a "não dar em nada", como disse o presidente Lula.
A redução do desmate, de 14% sobre o período anual anterior, surpreende tanto mais por se dar em ano eleitoral. Até então, mais comum era que as taxas se elevassem nessas épocas, quando se afrouxavam medidas de controle para satisfazer potenciais doadores da região rural.
Outro fator que costuma incentivar o desmate está associado com o crescimento da economia. Mais ainda quando sobe o preço de commodities agrícolas, como soja e carne bovina, o que capitaliza produtores da região amazônica. O período considerado foi de bonança, após uma grave crise financeira e econômica.
São fortes os indícios, portanto, de que a diminuição no ritmo da devastação tenha sua origem nas políticas adotadas pelo governo. Afinal, de um patamar de mais de 20 mil km2 anuais entre 2002 e 2004, as taxas vêm caindo de forma sistemática desde então.
A queda, tudo sugere, decorre de medidas que começaram a ser implementadas ainda na gestão de Marina Silva à frente do Ministério do Meio Ambiente. Entre elas, sobressai a restrição de crédito por bancos oficiais a produtores em situação ambiental irregular.
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