Esforços do governo em áreas devastadas seriam 'inadequados'
O Serviço de Pesca e Vida Silvestre dos EUA (FWS, na sigla em inglês) incluirá sete pássaros sul-americanos em sua lista de animais em risco de extinção. As espécies são encontradas quase exclusivamente na Mata Atlântica e no Cerrado. Embora o governo brasileiro tenha anunciado medidas de proteção para esses biomas nos últimos anos, o órgão americano considera que os esforços, até agora, são "inadequados".
De acordo com o FWS, o corte de árvores e a limpeza de terrenos para agricultura e extração de recursos destruíram boa parte do habitat das aves ameaçadas. Entre as novas espécies da lista estão o formigueiro-de-cabeça-negra (Formicivora erythronotos), a saíra-apunhalada (Nemosia rourei), o olho-de-fogo-rendado (Pyriglena atra) e o jacu-de-estalo (Neomorphus geoffroyi).
Os pássaros mencionados pelo governo americano já são protegidos pela legislação do Brasil. Mas o FWS espera que a inclusão das aves em sua lista facilite a liberação de recursos dos EUA e de instituições internacionais para conservação de biomas como a Mata Atlântica. Os escritórios internacionais do FWS já dão subsídios de milhões de dólares para proteger espécies ameaçadas na América Latina, África e Ásia.
O órgão americano reconhece a Mata Atlântica como um dos biomas mais ricos do mundo. Hoje, no entanto, resta intacta apenas 7% da cobertura original da floresta, que se espalhava por 1,3 milhão de km². Só entre 2002 e 2008, cerca de 2.590 km² de árvores foram derrubadas.
No Congresso Mundial Florestal do ano passado, o Brasil comprometeu-se a alcançar até 2020, na Mata Atlântica, o "desmatamento líquido zero" - situação em que a quantidade de madeira retirada é naturalmente reposta pela floresta.
Antes, em 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu que a Mata Atlântica recuperaria 20% de seu tamanho original. Desde então, foi aprovada a criação de novos parques nacionais no bioma.
Para garantir a preservação do Cerrado - outro lar de várias espécies ameaçadas de extinção -, uma ONG ligada àquela região recebeu, este ano, uma doação de US$13 milhões do Banco Mundial.
Criado inventário de 1,25 milhão de plantas
Mas há uma boa notícia no fim do Ano Internacional da Biodiversidade. Botânicos britânicos e americanos anunciaram, ontem, ter inventariado 1,25 milhão de nomes de plantas. O trabalho está disponível no site .
A principal contribuição do projeto, que abrange a maioria da flora conhecida no planeta, é unificar as denominações das espécies - muitas não eram conhecidas da mesma forma pelos cientistas.
"Sem os nomes corretos, a compreensão e os conhecimentos sobre a vida dos vegetais se perderiam num caos. Gastaríamos somas faraônicas e colocaríamos vidas em perigo, no caso de plantas usadas em medicina", ressaltou, em comunicado, o britânico Royal Botanical Gardens (Kew Gardens), que dividiu o projeto com o Missouri Botanical Garden, dos EUA.
A pesquisa foi iniciada há dois anos, através da comparação do banco de dados das duas instituições. Espera-se que o projeto permita maior controle sobre a situação de vegetais em risco de extinção. De acordo com a União Internacional de Conservação da Natureza, uma em cinco espécies de planta é ameaçada de desaparecimento.
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